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Venezuela propõe um novo sistema financeiro mundial em cimeira dos BRICS

A Venezuela propôs na cimeira dos BRICS, em Kazan, Rússia, avançar com um novo sistema financeiro mundial para consolidar o banco daquele organismo, bem como refundar o sistema das Nações Unidas


Autor: Lusa/AO Online

A proposta foi feita pelo Presidente, Nicolás Maduro, durante a reunião que juntou o grupo das principais economias emergentes e teve como anfitrião do Presidente russo, Vladimir Putin.

“Há necessidade (…) de um novo sistema monetário mundial. E é preciso dizê-lo com nome e apelido, porque todos estamos conscientes de uma nova necessidade. Não se trata apenas de fazer pequenas reformas no sistema monetário, no sistema financeiro, que por vezes parece não resistir a reformas, porque os velhos países, os países coloniais do Ocidente, gostariam de reimpor a sua hegemonia através dos mecanismos da moeda hegemónica, do sistema financeiro, dos créditos e da imposição de pacotes e condições económicas”, defendeu o líder venezuelano.

Na intervenção, Nicolás Maduro saudou e insistiu na necessidade de “avançar em passos mais audazes na consolidação do novo banco dos BRICS” que disse ser “uma necessidade para os povos do sul, para o seu desenvolvimento, para aceder a investimentos”.

“Que se avance em um novo sistema de pagamentos, que substitua os sistemas de pagamentos que são por vezes utilizados como armas de agressão. A Venezuela foi retirada de todos os sistemas de pagamento a nível mundial como parte das agressões, das punições económicas, para a mudança de regime político (…). É necessário um cabaz de moedas que combine as moedas fortes da superpotência com o direito de cada um dos nossos países a ter a sua própria moeda”, frisou.

Maduro sublinhou ainda que “há que procurar soluções práticas para os problemas do desenvolvimento de uma nova economia inclusiva de países independentes que aspirem à felicidade social, à dignidade”.

Por outro lado, insistiu que é necessário refundar o sistema das Nações Unidas e questionou onde está o Tribunal Internacional de Justiça (TPI) cada vez que a Faixa de Gaza é agredida, lançando a pergunta: Ou “foi criado apenas para perseguir os países do Sul?”.

“Cada vez que um míssil de alta precisão cai num edifício de apartamentos em Gaza e mata homens, mulheres e crianças, cada vez que um míssil cai em Beirute ou no sul do Líbano, esses mísseis incendeiam e destroem o sistema das Nações Unidas”, afirmou, apresentando à plateia outras duas perguntas: “Onde está o sistema de justiça das Nações Unidas? Só para emitir documentos, comunicados e a vida das crianças da Palestina não valem?”.

O Presidente da Venezuela exortou aos líderes presentes a levantarem bem alto a voz e a procurarem um plano prático e audacioso para a refundação do sistema das Nações Unidas, “que agoniza perante o surgimento de correntes nazis e fascistas ao longo desta dolorosa conjuntura histórica”.

“Um novo mundo é possível. Acreditamos que um novo mundo já nasceu. O BRICS é o epicentro do nascimento e do parto histórico desse novo mundo. Um mundo com valores e princípios profundamente humanos”, concluiu.

O grupo BRICS, fundado informalmente em 2006 e que realizou a sua primeira cimeira em 2009, inclui países que representam cerca de um terço da economia mundial e mais de 40% da população global.

Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos integram atualmente o bloco.

Analistas internacionais sublinharam que nesta cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin, quis mostrar ao mundo que a Rússia não está tão isolada como o Ocidente tem afirmado, ao mesmo tempo que pretendeu abrir caminho para a formação de uma nova frente global que pretende desafiar a hegemonia dos Estados Unidos.