Vendas nas plataformas ‘online’ têm de passar a ser comunicadas ao Fisco
UE/Presidência
22 de mar. de 2021, 18:00
— Lusa/AO Online
Em
causa estão novas regras para “enfrentar os desafios colocados pela
economia das plataformas digitais”, hoje adotadas pelo Conselho da UE e
que vão entrar em vigor a partir de 01 de janeiro de 2023, abrangendo
plataformas digitais localizadas tanto dentro como fora da UE (como
Facebook ou Instagram), informa em comunicado a estrutura onde estão
representados os Estados-membros.Através
de uma revisão da diretiva europeia relativa à cooperação administrativa
no domínio da fiscalidade, passa a existir a partir dessa data “uma
obrigação para os operadores de plataformas digitais de comunicarem os
rendimentos obtidos pelos vendedores nas suas plataformas e para os
Estados-membros de trocarem automaticamente esta informação”, explica o
Conselho da UE no comunicado.Em concreto,
de acordo com o Conselho, as novas regras “permitirão às autoridades
fiscais nacionais detetar os rendimentos obtidos através das plataformas
digitais e determinar as obrigações fiscais relevantes”.“O
cumprimento tornar-se-á também mais fácil para os operadores de
plataformas digitais, uma vez que a notificação só terá lugar num
Estado-membro, de acordo com um quadro comum da UE”, adianta.Citado
pela nota, o ministro português das Finanças, João Leão, observa que
esta é “uma importante atualização das regras da UE, que ajudará a
garantir que os vendedores ativos em plataformas digitais também paguem a
sua quota-parte de impostos”.“É
particularmente bem-vindo numa altura em que cada vez mais vendas são
feitas através da internet e em que a pandemia da Covid-19 está a
exercer pressão sobre as finanças públicas”, adianta o responsável em
representação da presidência portuguesa da UE.João
Leão considera ainda que, “a UE está a dar um exemplo ao mundo ao
alargar as suas regras de trocas automáticas de informação à economia
das plataformas digitais”.Esta revisão
visa, então, que as regras europeias de fiscalidade se passem a estender
aos negócios promovidos através por exemplo de redes sociais como
Facebook ou Instagram, que têm vindo a crescer, nomeadamente devido à
pandemia e às medidas restritivas adotadas às vendas físicas.Porém,
apesar de este crescente número de pessoas e de empresas utiliza
plataformas digitais para vender bens ou fornecer serviços, tais
rendimentos não são normalmente declarados e os impostos não são pagos.Esta
situação leva a que os Estados-membros acabem por perder receitas
fiscais e cria desigualdades face aos comerciais e lojas tradicionais.Em
julho de 2020, a Europeia propôs regras para maior transparência fiscal
na UE, visando obrigar quem ganha dinheiro através das plataformas
'online' a pagar impostos consoante as receitas arrecadadas, para assim
evitar a evasão fiscal.De acordo com o
Conselho, as alterações à diretiva sobre cooperação administrativa no
domínio da fiscalidade visam ainda uma melhoria da troca de informações e
da cooperação entre as autoridades fiscais dos Estados-membros.Isto
permitirá, por exemplo, que as autoridades competentes de dois ou mais
Estados-membros realizem auditorias conjuntas, no âmbito de um
enquadramento que estará operacional em todos os países a partir de
2024.