Venda da SATA prorrogada e subsídio de Natal em duas tranches
Hoje 09:35
— Lusa/AO Online
"Foi aceite [pela União
Europeia] a nossa posição e compreendidos os nossos esforços e, assim
bem entendido, na possibilidade de prorrogação [do prazo] para a
conclusão do processo de restruturação [da SATA] que será, segundo a
nossa notificação, deliberado até ao dia 31 de dezembro de 2026, no
próximo colégio de comissários", disse o secretário regional das
Finanças do executivo açoriano Duarte Freitas.O
governante falava no plenário regional, na Horta, no âmbito da
discussão na especialidade do Orçamento para 2026, no âmbito de uma
proposta de alteração do BE.O Governo
Regional dos Açores disse, na terça-feira que, "no contexto das reuniões
regulares […] com a Comissão Europeia", foi solicitada a "prorrogação,
até 31 de dezembro de 2026, da decisão relativa à reestruturação do
grupo SATA, tendo em conta a resposta do mercado e complexidade do
processo".Também na terça-feira, foi
divulgado que os empresários Carlos Tavares, Tiago Raiano, Paulo Pereira
e Nuno Pereira entregaram uma proposta conjunta para aquisição de 85%
da companhia aérea açoriana Azores Airlines.No
debate, o socialista Carlos Silva também questionou o Governo
Regional sobre as razões que levam ao pagamento, por duas vezes, do
subsídio de Natal dos trabalhadores do grupo SATA.Segundo
o secretário regional das Finanças, "o que se passou este ano é um
acontecimento que não se repetirá, isto é, como é sabido, o grupo SATA
teve de pagar a última tranche de seis milhões de euros por causa do
Cachalote [uma aeronave A330]"."Este
acontecimento terá sido um dos últimos grandes prejuízos que o Cachalote
trouxe à região, à SATA e, neste caso, também aos trabalhadores da
SATA. Estando este assunto resolvido, em 2026 já não nos será imputado
mais custos relativamente a essa tragédia que foi o avião Cachalote",
assegurou.Na resposta, o governante também
leu a informação que o conselho de administração da SATA enviou hoje
aos colaboradores, indicando que "o inadiável pagamento final de 6,5
milhões de euros" relacionado com o avião Cachalote "condiciona a
transferência do subsídio de Natal" que será efetuado em duas parcelas, a
primeira no vencimento de novembro (valor de 30% do subsídio) e a
segunda (no valor remanescente) até ao dia 15 de dezembro.O
deputado Carlos Silva referiu que o atraso no pagamento do subsídio de
Natal "não é um problema menor, é relevante", indicando que nos últimos
anos, no grupo SATA, houve "uma gestão que foi ruinosa". Para
o socialista "não é admissível" que a administração da empresa faça um
email com esse conteúdo: "Estamos a brincar com quase 1.600 funcionários
que não vão receber [subsídio de Natal] e têm que ouvir uma desculpa
que não é aceitável".António Lima (BE)
questionou o Governo Regional sobre se vai assumir o passivo da
companhia área, tendo Duarte Freitas respondido que "as açorianas e os
açorianos sabem que há passivo desta companhia e das gestões pretéritas,
que tem de ser assumido e será assumido por todos os açorianos. É
evidente. E não vale a pena iludir as pessoas. É simples e é evidente.
Todos os açorianos vão pagar".João Bruto
da Costa (PSD) acusou o PS de "brincar com uma coisa muito séria" e
afirmou que o Bloco "acha que vendendo a SATA a dívida desaparece".Para
Nuno Barata (IL), o argumento para o atraso no pagamento do subsídio de
Natal "prova a incompetência" da administração da SATA que, segundo
disse, já sabia que teria de pagar os custos associados ao avião A330.José Pacheco (Chega) lamentou que a discussão sobre a companhia tenha tido lugar durante o debate na especialidade do Orçamento.A
proposta de alteração do BE foi reprovada pela maioria dos deputados e
pretendia que a privatização da Azores Airlines fosse retirada do
Orçamento (apenas BE votou a favor) e submeter a privatização a votação
na Assembleia Regional (votos contra de PSD/CDS-PP/PPM e Chega).