Vaticano tem equipa de futebol feminino mas faltam mulheres para a baliza
17 de mai. de 2019, 20:00
— Lusa/AO online
As jogadoras
saíram para aquecer num fim de tarde fria de atípica do mês de maio no
campo de um dos centros desportivos perto do Vaticano, onde a já famosa
Copa Clericus, o torneio de equipas de padres e seminaristas, é jogada e
riem surpreendidas pela presença da imprensa.Não
entendem o porquê de todo o interesse numa equipa de mulheres que se
reúne uma vez por semana para treinar e jogar um jogo, explicou à
agência noticiosa Efe Danilo Zenaro, chefe da associação de futebol
Sport in Vaticano.Embora Zennaro entenda
que o futebol feminino há alguns anos tem despertado grande interesse, e
ainda mais se jogado na sombra da cúpula da Basílica de São Pedro, onde
das 4.800 pessoas que trabalham para a Santa Sé apenas 750 são
mulheres.O responsável da associação
"Sport in Vaticano" reconhece que a primeira pergunta que fazem quando
sabem da existência da equipa feminina é "se jogam freiras", lembrando
que "não há apenas freiras no Vaticano", porque a presença de
trabalhadores leigos na Santa Sé aumentou consideravelmente nos últimos
anos."As coisas mudaram", declarou.E
isso é observado quando os trabalhadores da sala de imprensa do
Vaticano, funcionários do supermercado ou dos vários dicastérios (os
ministérios) da Santa Sé jogam futebol, sob o comando do técnico
Gianfranco Guadagnoli.A coordenadora da
equipa e secretária da "Associação de Mulheres no Vaticano", Susan
Volpini, explicou que tudo nasceu "como um jogo", quando, em maio do ano
passado, durante uma das iniciativas para os funcionários do Vaticano e
suas famílias, organizou uma partida de futebol feminino e isso teve
muito eco, levando à conclusão de que uma equipa poderia ser formada.Até
agora jogaram apenas um torneio interno organizado pelo hospital
pediátrico Vaticano Bambino Gesù e estão a planear jogar em várias
iniciativas de solidariedade. "É isso que nos interessa, não a competição”, vincou.A
equipa é formada em 60% por mulheres que trabalham no Vaticano,
enquanto o resto são mulheres ou filhas de funcionários, com idades
entre os 24 e os 40 anos, e muitas são as mães que levam os filhos para
assistirem nas bancadas aos treinos e aos jogos. "Às vezes parece um milagre podermos ter um dia por semana para estar aqui", desabafou Volpini.Apenas
três das jogadoras têm um passado em equipas de futebol italiano,
enquanto o capitão é a camaronesa Eugene Tcheugoue, que jogou há 30 anos
no seu país natal e que agora contagia com seu bom humor e com sua
energia as companheiras."Foi uma ótima
ideia, nunca poderia imaginar jogar aqui no Vaticano novamente, tendo a
chance de me divertir de novo como quando eu era uma garota a chutar a
bola na companhia de outras mulheres", comentou.Reconheceu,
rindo, que quando contou aos seus colegas do Dicastério para os Leigos,
a Família e a Vida estes não conseguiram acreditar.Durante
o treino de hoje, tiveram de chamar reforços, a equipe Bambin Gesu,
formada por funcionários, enfermeiros e médicos, para poderem jogar 11
contra 11.Estes treinos são para preparar o
jogo de 26 de maio contra o A.S. A Roma, que ficou em quarto lugar na
primeira temporada da liga feminina da Série A, e em 22 de junho viajará
para Viena para enfrentar uma equipa local.A
jogadora Barbara de Filippi salientou que o resultado não importa:
“Saímos para o campo apenas por diversão, pelo prazer de jogar", afirmou