Vaticano defende visita do papa ao Iraque apesar do vírus como "ato de amor"
2 de mar. de 2021, 17:36
— Lusa/AO Online
Francisco irá visitar o Iraque a
partir de sexta-feira e até segunda-feira na sua primeira deslocação ao
estrangeiro desde o início da pandemia de covid-19 o ano passado.A
preparação da viagem acelerou depois das infeções terem diminuído, mas
os casos dispararam no Iraque há algumas semanas e especialistas em
doenças infecciosas consideram não ser uma boa ideia uma visita do papa a
um país com um frágil sistema de saúde.A
propósito, jornalistas questionaram hoje o porta-voz do Vaticano Matteo
Bruni sobre o que justifica expor os iraquianos a um tal risco de
infeção, quando o próprio Vaticano respeita regras de confinamento há
meses, e se a viagem não poderia ser adiada alguns meses.Bruni
observou que o Iraque tem uma população predominantemente jovem e que o
número de casos diários (à volta dos 4.000) é pequeno tendo em conta a
população (cerca de 40 milhões).Adiantou
que todos os eventos papais seguirão os protocolos de saúde iraquianos,
que incluem uma participação limitada, distanciamento social, máscara
obrigatória e outros.Segundo o Vaticano, o
papa também utilizará um carro fechado nas suas deslocações, o que deve
limitar a formação de multidões nas ruas.“Toda
uma comunidade e um país inteiro poderão acompanhar a visita através
dos ‘media’ e saber que o papa está ao seu lado, trazendo a mensagem de
que é possível ter esperança mesmo nas situações mais complicadas”,
disse o porta-voz.Bruni indicou que aqueles dias são “o primeiro momento possível para uma deslocação como esta” e que há “urgência” nela.O
objetivo da visita é encorajar a comunidade cristã no Iraque, cada vez
menor e que foi violentamente perseguida pelo grupo extremista Estado
Islâmico, e promover um maior diálogo com a maioria xiita do país
muçulmano. Na agenda está marcado o primeiro encontro papal com um
grande ayatollah, o clérigo xiita iraniano Ali al-Sistani.“Talvez
a melhor forma de interpretar esta viagem seja como um ato de amor por
esta terra, o seu povo, os seus cristãos”, disse Bruni, considerando que
“cada ato de amor pode ser interpretado como extremo, mas como uma
confirmação extrema de ser amado e confirmado nesse amor”.