Vasco Cordeiro diz que primeira palavra cabe ao Presidente da República
23 de nov. de 2023, 19:05
— Lusa
“Neste
momento, há demasiado silêncio, parece-me até demasiadas jogadas de
salão, e é necessário haver clareza e transparência nesse assunto em
relação àquilo” que “é o mais importante e que é o povo açoriano”,
afirmou Vasco Cordeiro.O socialista falava
na sede da Assembleia Legislativa, na Horta, após o Plano e o Orçamento
da região para 2024 terem sido chumbados com os votos contra de
Iniciativa Liberal (IL), PS e BE, abstenções do Chega e do PAN. Os
partidos que integram o Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) e o
deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) votaram a favor.“É
preciso não esquecer que quem assumiu como condição e requisito
essencial para dar posse a este governo, para indigitar este governo, a
questão dele ser capaz de ter o apoio para aprovar orçamentos, foi o
senhor representante da República diretamente, e acredito que também o
senhor Presidente da República”, explicou Cordeiro.Nesse
sentido, para o líder socialista açoriano, “nesta situação, a primeira
palavra cabe ao senhor representante da República, ao senhor Presidente
da República”.“Não é ao Partido
Socialista, nem a outros mecanismos, porque foram eles que assumiram,
quer em novembro de 2020, quer em março deste ano, a questão de haver
orçamentos aprovados como condição essencial para que este governo
estivesse em funções”, frisou.Vasco
Cordeiro salientou que tem “ouvido muitas declarações que pretendem
imputar a outros, que não ao governo regional, a responsabilidade desta
situação”, mas questionou: “Se o governo está agora disponível para
negociar, para dialogar e para concertar um segundo orçamento, porque é
que não esteve até agora?”.“Se o governo
regional estava, ou está, mesmo interessado em evitar esta situação,
talvez essa disponibilidade que ele agora manifesta devesse ter
manifestado antes, nomeadamente aos seus parceiros, porque todos nós
ouvimos da parte desses parceiros que ninguém fechou a porta, foi o
governo que se afastou, e foi o governo que incumpriu”, vincou.O
líder da bancada parlamentar socialista, que também foi presidente do
Governo Regional açoriano entre 2012 e 2020, aproveitou para apontar
contradições ao atual presidente do executivo, José Manuel Bolieiro
(PSD/CDS-PP/PPM).“Até este momento, aquilo
que nós ouvimos da parte do governo e da parte dos partidos que ainda o
suportam foi que, se este orçamento não fosse aprovado, seria o caos
para a região. Mas então, se é assim, e se não há garantias de que um
segundo orçamento é aprovado, não é preferível devolver a palavra ao
povo?”, perguntou o socialista.E
prosseguiu: “Há uma outra contradição, todos nós ouvimos, ainda
recentemente, o senhor presidente do governo regional dizer que era um
bem para o país, na República, ir a eleições, mas então se é um bem para
o país na República ir a eleições, dissolvida uma Assembleia da
República que tinha uma maioria absoluta, aqui, que não há maioria, não
será conveniente dar, devolver a palavra ao povo?”Questionado
diretamente sobre o motivo por não apresentar uma moção de censura,
Vasco Cordeiro reiterou que o representante da República e Marcelo
Rebelo de Sousa, na indigitação do atual governo, assumiram como
condição essencial “o facto de ser capaz de aprovar orçamentos”.“É
por isso que, tendo sido rejeitado este orçamento, a palavra está
claramente do lado do senhor Presidente da República e do senhor
representante da República, em primeiro lugar, e por isso é que nós
entendemos que os partidos políticos devem ser ouvidos e, em última
instância, a forma mais transparente, mais clara de se resolver esse
assunto, é devolver a palavra ao povo”, concluiu.