Vasco Cordeiro diz que aprovação de nova lei do mar é "dia histórico" para o país
24 de jul. de 2020, 09:50
— Lusa/AO Online
"Este
é verdadeiramente um dia histórico para os Açores, por vários motivos,
para as regiões autónomas em geral e para o nosso país. Aquilo que esta
lei consagra não é mais nem menos do que a concretização de um princípio
que está inscrito desde 2009 no estatuto político-administrativo dos
Açores, quando se refere à gestão partilhada em relação ao mar",
declarou Vasco Cordeiro.O chefe do
executivo socialista falava aos jornalistas em Ponta Delgada, no dia em
que a Assembleia da República aprovou a nova lei do mar: o diploma teve
os votos a favor do PS, PAN e Iniciativa Liberal e abstenções do PSD,
BE, PCP, CDS, PEV e Chega. A nova proposta, defende Vasco Cordeiro,
representa um "avanço tremendo" na "forma como se pode operar a gestão
do mar", e tal "não se refere apenas aos Açores"."O
ganho que daqui resulta é para as regiões autónomas e para o nosso
país. (...) Aquele que é o balanço de cerca de 40 anos de funcionamento
de autonomia regional no que tem a ver ao mar, é um balanço (...)
francamente positivo", prosseguiu o chefe do executivo açoriano.Apesar
da orientação do PS a favor deste diploma, mais de uma dezena de
deputados socialistas votaram contra, alegando que o texto final do
diploma que saiu da Comissão de Agricultura e Mar colide com o princípio
da soberania nacional e está ferido de inconstitucionalidade.Um
grupo precisamente de deputados socialistas pediu ainda ao Presidente
da República para vetar a nova lei de bases sobre ordenamento e gestão
do espaço marítimo, considerando que viola a soberania nacional e está
ferida de inconstitucionalidade.Esta
posição consta de uma declaração de voto encabeçada pela ex-ministra do
Mar e deputada do PS Ana Paula Vitorino, e assinaram o texto também,
entre outros, os deputados socialistas Ascenso Simões, Jorge Lacão,
Marcos Perestrello, Pedro Bacelar de Vasconcelos, Pedro Cegonho e Sérgio
Sousa Pinto.Na declaração de voto
refere-se que a proposta que partiu da Assembleia Legislativa Regional
dos Açores "enferma de vícios de natureza política e jurídica", em
primeiro lugar ao criar "uma fratura na soberania nacional,
estabelecendo "um conceito específico de território autónomo que
transforma o mar português, em matéria de ordenamento e gestão, num
somatório de três espaços marítimos, o dos Açores, o da Madeira e o do
continente".Para Vasco Cordeiro, "uma lei não se aprova nem com votos contra nem com abstenções, aprova-se com votos a favor"."Esta lei só foi aprovada porque o PS votou a favor desta lei", vincou.O
governante declarou ainda ter "muita pena" que "não tenha sido possível
a outros partidos", nomeadamente o PSD, dar um "sinal claro a favor" da
aprovação da lei.O processo, reconheceu
Vasco Cordeiro, "não termina aqui", mas tal não retira o momento
"histórico", de uma "abordagem desassombrada" em relação à forma como o
mar deve ser gerido."Lamento que um
conjunto de outros partidos não tenham sido capazes de dar um voto claro
a esta lei, de confiança e de aprovação", prosseguiu.O
processo de revisão da lei de bases do ordenamento e da gestão do
espaço marítimo nacional partiu de numa iniciativa da Assembleia
Legislativa Regional dos Açores.