Vasco Cordeiro diz que Açores vão esclarecer junto de Bruxelas dúvidas sobre a SATA
27 de ago. de 2020, 14:57
— Lusa/AO Online
"A
atualidade já é tão rica, tão rica, que parece-me que dispensamos todos
futurologia. O que a Comissão Europeia disse é que havia a necessidade
de explicar algumas questões. É isso que será feito", declarou Vasco
Cordeiro, falando aos jornalistas em Ponta Delgada.O
governante falava depois de se ter sabido esta semana que a Comissão
Europeia diz que Portugal tem de provar que os três aumentos de capital
recentes na transportadora açoriana SATA não foram ajudas do Estado,
para se garantir a conformidade total do apoio de 133 milhões de euros
pedido recentemente."Aquilo que foi
comunicado foi a necessidade de explicar essas questões. É isso que será
feito", insistiu o chefe do executivo açoriano.A
posição de Bruxelas surge na carta enviada pela vice-presidente
executiva da Comissão Europeia Margrethe Vestager, responsável pela
política de concorrência, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto
Santos Silva, a propósito da 'luz verde' de Bruxelas a um auxílio
estatal português de 133 milhões de euros à transportadora aérea
açoriana SATA.O apoio consiste numa garantia de Estado a um empréstimo junto de entidades privadas.A
agência Lusa teve acesso à missiva, datada de 18 de agosto, aquando da
decisão do executivo comunitário, sendo que na ocasião foi também
referido que seria aberta uma investigação para avaliar o cumprimento
das normas comunitárias noutros apoios públicos à companhia.Na
investigação estão em causa três aumentos de capital realizados entre
2017 e 2020 e que vão injetar até 2023 perto de 130 milhões de euros na
transportadora.Portugal advogou que o
Governo Regional dos Açores, como único acionista da SATA, atuou como um
investidor privado a operar em condições de mercado.O
país pode, todavia, invocar circunstâncias "excecionais e
imprevisíveis" cuja responsabilidade não poderia ser imputada à SATA
para justificar as injeções financeiras, reconheceu Margrethe Vestager.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea, detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores, começou a registar prejuízos, entretanto agravados
pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus, que teve um enorme
impacto no setor da aviação.O atual
conselho de administração da transportadora açoriana tomou posse em
janeiro e comprometeu-se a apresentar um plano estratégico e de
negócios até ao final do primeiro trimestre do ano, mas a pandemia da
covid-19 obrigou a uma reavaliação do documento.Em
julho, a SATA sublinhou que "o contexto provocado pela pandemia teve um
impacto muito significativo" e, devido à "paragem quase total da
atividade, foram implementadas todas as medidas possíveis ao dispor da
gestão, num cenário em que a preservação da empregabilidade era
fundamental".Nos próximos seis meses, nos
termos da regulamentação comunitária, a SATA irá, conjuntamente com o
Governo dos Açores e a Comissão Europeia, trabalhar no plano de negócios
que assegure a sustentabilidade económica e financeira do grupo e
garanta os serviços de interesse económico geral no transporte aéreo
interilhas e com o exterior.