Vasco Cordeiro diz não ser verdade que orçamento dos EUA estabeleça “usos adicionais” para as Lajes
Presidente desmente ministro
16 de nov. de 2017, 13:19
— Lusa/AO online
“O
que me parece importante é sermos rigorosos na análise desta questão,
como acredito que é intenção de todos, e para sermos rigorosos o que é
preciso dizer é que não é verdade que o orçamento da Defesa dos Estados
Unidos para 2018 estabeleça essa possibilidade de usos adicionais”,
afirmou Vasco Cordeiro.O
chefe do executivo açoriano falava os jornalistas na Ribeira Quente,
Povoação, após questionado com as declarações do ministro dos Negócios
Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na quarta-feira, na Assembleia da
República.Augusto
Santos Silva anunciou no parlamento que o orçamento da Defesa dos
Estados Unidos da América (EUA) recomenda ao Pentágono que analise “usos
adicionais para a presença militar” norte-americana na base das Lajes,
nos Açores.“É
já conhecido o texto que resulta do trabalho conjunto entre a Câmara de
Representantes e o Senado para o orçamento da Defesa norte-americana
para o próximo ano, justamente a expressão usos adicionais para a base
das Lajes está presente”, anunciou o ministro, acrescentando que o
orçamento “vai recomendar ao Departamento da Defesa, ao Pentágono, que
examine usos adicionais para a presença militar na base das Lajes em
apoio às missões de segurança nacional dos EUA”.Vasco
Cordeiro explicou que “esta era uma proposta da Câmara dos
Representantes” que “não teve aceitação no Senado e na formulação final
da lei de orçamento de Defesa dos Estados Unidos para 2018 isso não
consta”.“Consta
no relatório do trabalho que foi feito entre a Câmara dos
Representantes e o Senado, mas não consta da lei”, declarou o
governante, frisando que isto não é um preciosismo, pois “constitui um
recuo” dos EUA quanto a essa possibilidade.Segundo
o chefe do executivo regional, “o facto é que nas leis de orçamento de
Defesa de 2014, 2015 e 2016 constava uma referência expressa na lei
quanto à base das Lajes” e “deixou de constar”.“Na
minha leitura, constitui um recuo do Congresso dos Estados Unidos
quanto a essas possibilidades”, sustentou, para esclarecer que “deixa de
ter uma referência na lei, passa apenas a constar num documento que tem
o valor de relatar aquela que é a opinião da Câmara dos Representantes e
do Senado, mas que não é, seguramente, a lei”.Questionado
sobre se o chefe da diplomacia portuguesa se enganou, Vasco Cordeiro
respondeu: “Não sei se o senhor ministro se enganou […]. O que eu sei é
que da análise que faço relativamente a esta matéria isso resulta
evidente e isso não nos pode fazer esquecer uma questão que é para o
Governo Regional dos Açores a questão fundamental neste momento, a
descontaminação” dos solos.Para
Vasco Cordeiro, esta alteração de posicionamento do Congresso dos EUA
sobre a possibilidade de novos usos, “traduzida formalmente pelo facto
de ter deixado de constar da lei do orçamento de Defesa essa referência
explícita”, deve “merecer uma leitura por parte do Estado português”.À
pergunta sobre se está a desmentir Augusto Santos Silva, o presidente
do Governo Regional recusou comentar “o que resultou pelos órgãos de
comunicação social da intervenção” do ministro.