Vasco Cordeiro descarta comprometer-se com modelo concreto de descentralização
PRR
12 de out. de 2022, 14:30
— Lusa/AO Online
"Por
acaso ainda acompanhei esse processo na altura em que era presidente do
Governo dos Açores, no caso do PRR houve efetiva participação regional,
como deve ter acontecido no caso da Madeira", começou por dizer Vasco
Cordeiro, reconhecendo que o caso da sua região pode ter sido "um
bocadinho a exceção à regra".Vasco
Cordeiro falava à imprensa portuguesa, em Bruxelas, no âmbito da Semana
das Regiões, organizada pelo Comité das Regiões e Comissão Europeia, que
decorre até quinta-feira, reagindo a um relatório do Comité das Regiões
que critica as decisões centralizadas quanto aos PRR nacionais.Porém,
quando questionado sobre se Portugal é prejudicado por não ter uma
regionalização plena no continente, por não existir um grau intermédio
de autonomia, e se as regiões autónomas beneficiam do seu estatuto,
optou por "não retirar essa conclusão"."Para
fazer regiões e cidades participarem na decisão, na definição, não é
obrigatório, ou isso não se consegue apenas através de autonomias
regionais ou através de uma questão de descentralização segundo um
modelo concreto X, Y ou Z", considerou.Segundo
Vasco Cordeiro, "há exemplos de outros países em que, independentemente
desta questão, esse trabalho foi, de uma forma ou de outra, feito".O
presidente do Comité das Regiões reagia assim ao relatório elaborado
pela organização que dá conta que ao Mecanismo de Recuperação e
Resiliência, que financia os PRR nacionais, "falta um ângulo territorial
próprio e há um pequeno ou insignificante envolvimento das cidades e
regiões no seu planeamento e implementação"."O
risco principal desta abordagem sobrecentralizada é que os objetivos
delineados nos planos não respondam eficazmente às vastamente diferentes
necessidades no terreno", lê-se no texto.Apesar
de não falar em modelos concretos, o responsável açoriano reforçou que
"uma das questões que o relatório torna muito clara" é a "necessidade de
envolver mais" as cidades e regiões no desenho das políticas da União
Europeia."Não apenas no processo de
informar, de dar conhecimento, de dizer que a partir de agora podem, mas
o que é reclamado é fundamentalmente a possibilidade das regiões e das
cidades serem parte na definição, e obviamente depois na concretização,
dos instrumentos que levem à operacionalização dessas opções",
sustentou.Vasco Cordeiro recordou ainda
que "esta semana houve também regiões e cidades” que, em Portugal,
“também alertaram para a necessidade de serem melhor envolvidas nesse
processo de discussão".Na segunda-feira, o
presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Norte (CCDR-N), António Cunha, considerou que o relatório do Comité das
Regiões confirma as suas reservas sobre o modelo de gestão centralizada,
que "conduzirá a maiores assimetrias territoriais, ao passo que uma
gestão descentralizada concorre para uma decisão mais qualificada".Já
hoje, em Bruxelas, Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga,
considerou que o centralismo "já está num nível tão elevado" que a
situação "só pode melhorar", comentando o relatório do Comité das
Regiões que critica o desenho dos PRR.