Vasco Cordeiro desafia Governo dos Açores a refletir sobre eleições antecipadas
22 de mar. de 2023, 17:32
— Lusa
"Julgo
que essa reflexão, sobre se não vale a pena devolver a palavra ao povo
[antecipando eleições legislativas regionais], ainda não foi feita e
seria importante, não a bem do Governo, nem a bem dos partidos
políticos, mas a bem dos Açores ", afirmou Vasco Cordeiro, líder
parlamentar do PS/Açores.Vasco Cordeiro,
antigo presidente do Governo dos Açores, falava na abertura das jornadas
parlamentares do PS/Açores, que decorrem esta semana na ilha do Pico."Compreende-se
que o Governo tem estado, desde o seu início, envolvido num conjunto de
casos e casinhos de instabilidade de que ele é a fonte e a causa. Isso
dificulta a atenção e o cuidado que é necessário ter para definir e
implementar eficazmente medidas", apontou Vasco Cordeiro.Para
o líder regional socialista, a sociedade, a economia açoriana, as
famílias e empresas "não podem estar à espera" que o executivo "resolva
os seus problemas de instabilidade interna do próprio Governo e
coligação que o suporta para só depois olhar para aquilo que devia ser a
sua principal preocupação".O líder
parlamentar do PS/Açores alertou que "o futuro não se afigura muito mais
animador", lembrando que ainda recentemente, "na Assembleia Legislativa
da região", e fora dela, ocorreram "manifestações claras desta
instabilidade que se vive"."O que é de
certa forma surpreendente é o estado de negação em que o próprio Governo
Regional vive em toda esta matéria", criticou.Segundo
disse, "a única fonte e causa de instabilidade politica em que o
Governo Regional tem estado mergulhado desde o início do seu mandato é o
próprio Governo Regional e a própria coligação de partidos que o
suporta".Vasco Cordeiro alertou para um
conjunto de indicadores que "demonstram que essa instabilidade não tem
permitido" que o executivo açoriano "se concentre naquilo que é
essencial"."Esta ideia, que se vai
instalando e que me parece preocupante pelo quadro global que deixa
transparecer da realidade regional, é que os Açores estão lentamente a
ficar para trás em alguns indicadores", sustentou, referindo-se ao
aproveitamento de fundos comunitários e ao "retrocesso" em dados na área
do combate à pobreza e das "finanças públicas regionais" que indiciam
também “um desequilíbrio que se agrava, quer em relação ao endividamento
da Região”.Vasco Cordeiro recordou que o
PS "tem insistido, há mais de uma ano, na necessidade de serem definidas
medidas de apoio as famílias e empresas", que "sejam capazes de ajudar"
as pessoas perante a crise inflacionista, criticando o Governo Regional
por ter uma "visão restritiva daquilo que deve ser a função de apoiar"
quem mais precisa. "No apoio às famílias e
empresas o Governo Regional devia agir mais rápido, de forma mais
determinada e a região pode acrescer apoio a quem mais precisa para
fazer face a esta situação. A Autonomia tem de ser colocada ao serviço
das famílias e das empresas açorianas. Tem de ser colocada ao serviço da
economia e da sociedade açoriana", vincou. A
08 de março, o deputado único da IL no parlamento açoriano, Nuno
Barata, rompeu o acordo de incidência parlamentar de suporte ao Governo
dos Açores, chefiado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, e
depois o independente Carlos Furtado, ex-Chega, também rompeu com esse
acordo.Entretanto, os dois deputados
admitiram negociar “ponto a ponto” com o Governo dos Açores para manter a
estabilidade governativa na região.Os
três partidos que integram o Governo Regional (PSD, CDS-PP e PPM) têm 26
deputados na assembleia legislativa e contam agora apenas com o apoio
parlamentar do deputado do Chega, José Pacheco, somando assim 27 lugares
num total de 57, pelo que perdem a maioria absoluta.O
PS venceu as eleições legislativas regionais de 25 de outubro de 2020
nos Açores, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos,
elegendo 25 deputados.Em 07 de novembro de
2020, o representante da República indigitou o líder da estrutura
regional do PSD, José Manuel Bolieiro, como presidente do Governo
Regional, justificando a decisão com o facto de a coligação
PSD/CDS-PP/PPM ter apoios que lhe conferiam maioria absoluta na
assembleia legislativa.