Vasco Cordeiro denuncia “flagrante violação da lei” na entrega do Orçamento dos Açores
16 de mar. de 2021, 11:55
— Lusa/AO Online
Na missiva, a que a
agência Lusa teve acesso, Vasco Cordeiro afirmou que a entrega do Plano
e Orçamento da região foi um "motivo de grande preocupação porque
constituem uma flagrante violação da lei e um grosseiro desrespeito"
para o parlamento açoriano, para os Conselhos de Ilha e para o Conselho
Económico e Social dos Açores (CESA).“O
que se constata, vendo as propostas que foram entregues na assembleia, é
que as mesmas não vêm acompanhadas nem dos pareceres dos conselhos de
ilha, nem do parecer do CESA”, realça o antigo presidente do Governo dos
Açores.O líder do PS/Açores assinala que
as propostas do Plano e Orçamento foram enviadas aos parceiros sociais e
aos Conselhos de Ilha a 04 de março, “apenas seis dias antes” da
entrega no parlamento, quando aquelas entidades dispõem de um prazo de
20 dias para o pronunciamento.“Em boa
verdade, estamos perante um simulacro de diálogo social quando, tendo em
conta a importância dos documentos em causa, se exigia que fosse sério,
de boa-fé e consequente. Nada disso agora acontece!”, lê-se na carta.O
socialista cita o decreto legislativo regional nº. 20/2002/A para
frisar que, não tendo o Plano e Orçamento os pareceres obrigatórios, o
Governo dos Açores, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro,
incorreu numa "flagrante violação da lei"."O
claro incumprimento da lei (…), para além de fazer incorrer os seus
responsáveis em responsabilidade financeira sancionatória, nos termos da
lei orgânica e de processo do Tribunal de Contas, é merecedora do mais
veemente repúdio e censura política”, afirma.O
líder parlamentar do PS/Açores diz ainda ser "incompreensível" que os
documentos tivessem sido enviados às comissões da assembleia sem que a
ausência dos pareceres tivesse sido “detetado por parte dos serviços da
assembleia". O socialista criticou também
as declarações de membros do Governo Regional, que referiram, segundo
disse, que o executivo “está disponível para, até ao momento da votação,
aceitar propostas de alteração aos documentos”.Vasco
cordeiro salientou que, quando os documentos são entregues no
parlamento, o governo "deixa de poder apresentar propostas de
alteração". A não ser que, acrescenta o
socialista, “o governo queira dizer que, através dos partidos que o
suportam, fará com que sejam apresentadas as propostas de alteração que
queira acolher”.“Esta solução já teria
foros de escândalo político, pois significaria, na prática, a total
instrumentalização da Assembleia Legislativa, a confusão primária e
inaceitável entre governo e partidos”, acrescenta.Na
conclusão da carta, Vasco Cordeiro questiona Luís Garcia se as
comissões devem "avançar com a análise das propostas sem os pareceres
que a lei obriga" ou se devem suspender o trabalho.“Embora
compreenda a delicadeza e o melindre desta situação, julgo que a mesma
não pode ser varrida para debaixo do tapete”, escreve Vasco Cordeiro na
carta que também foi enviada aos restantes líderes parlamentares.As
propostas do plano e orçamento dos Açores foram entregues no parlamento
açoriano em 11 de Março pelo presidente do Governo Regional, José
Manuel Bolieiro, ao presidente da Assembleia Regional, Luís Garcia.