Vasco Cordeiro defende "alteração decisiva" no setor do leite para encarar período pós-quotas
O presidente do Governo dos Açores afirmou que o setor do leite na região tem de fazer "a alteração decisiva" e produzir produtos "diferentes do que fazem os outros" para encarar o período pós-quotas leiteiras na Europa.

Autor: Lusa/AO online

Vasco Cordeiro destacou que o setor, "um dos principais motores económicos" dos Açores, se modernizou nos últimos anos, sendo hoje "altamente especializado e profissionalizado".

"Porém, após 2015 [quando terminarem as quotas leiteiras na União Europeia], todo este trabalho só será eficaz se a região, todos nós, soubermos fazer a alteração decisiva nesta fileira, olhando para a nossa dimensão num mercado aberto e perceber que só se conseguirá terreno se os nossos produtos forem diferentes do que fazem os outros", afirmou.

O presidente do Governo Regional falava nos Arrifes, concelho de Ponta Delgada, numa cerimónia em que foi entronizado confrade honorário da Confraria do leite dos Açores.

"De pouco nos servirá investir milhões de euros públicos e privados e, depois, fazer um produto que é também feito, indiferenciadamente, por países mais perto dos mercados e com dimensões superiores", acrescentou, após ter referido alguns dados sobre investimentos "significativos" no setor, tanto a nível da produção como da transformação do leite.

O presidente do Governo Regional dos Açores apontou ainda um outro desafio novo para o setor "no horizonte mais próximo": a sua rentabilidade, que abrange o nível "estritamente económico" e outros como "o ambiental e o da imagem de marca associada".

"Quer isto dizer que, sobretudo no âmbito do novo período de programação financeira em que estamos a entrar, a componente da rentabilidade do setor deve ser constantemente analisada e, se necessário, corrigida", dizendo que "nem sempre rentabilidade é sinónimo de quantidade produzida, mesmo que com qualidade".

A este propósito, defendeu que a "fortíssima imagem de qualidade e segurança" associada ao leite nos Açores é "um aspeto a salvaguardar em qualquer caso e em qualquer cenário".

Dizendo-se confiante no futuro do setor, Vasco Cordeiro deixou "um sinal de esperança baseado nos factos": o rejuvenescimento e "melhoria relevante" dos níveis de formação.

Segundo o governante, até setembro foram aprovados 168 pedidos de apoio à instalação de jovens na agricultura (num valor de 6,1 milhões de euros), tendo 67% dos casos como objetivo a instalação na área da bovinicultura leiteira.

Noutro plano, referiu que agricultura e turismo não devem ser vistos como antagónicos, mas como áreas complementares nos Açores.