Vasco Cordeiro critica postura do PSD/Açores sobre a alteração à Lei do Mar
15 de jan. de 2020, 20:00
— Lusa/AO Online
Num debate no hemiciclo açoriano a
propósito de uma declaração política do Bloco de Esquerda, Vasco
Cordeiro advertiu que criar um grupo de trabalho para definir a redação
final da proposta proveniente dos Açores, como defende o parlamentar
social-democrata, poderá levar a que uma proposta de lei, a ser aprovada
por unanimidade na Assembleia Regional, venha a ser desvirtuada a nível
nacional.“Se nós vamos abrir na
Assembleia da República, por via de um representante político dos
Açores, a discussão sobre a forma como se conjugam as competências do
Estado e da região nesta matéria, nós estamos a fazer tábua rasa daquilo
que esta assembleia disse e daquilo que o Governo [Regional] disse”,
sublinhou o chefe do executivo socialista.José
San-Bento, deputado da bancada socialista, já tinha chamado a atenção
para os riscos do tipo de discurso do PSD na República, questionando se
“estará agora o PSD a vacilar e a recuar naquilo que era uma posição
unânime dos Açores, de defesa da autonomia”.Mas
Luís Garcia, deputado social-democrata, lembrou que na bancada do PS na
Assembleia da República existem mais "centralistas e antiautonomistas"
do que nos restantes partidos, referindo-se à abstenção sobre este tema
da antiga ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, e às dúvidas de
inconstitucionalidade levantadas pelo deputado socialista Jorge Lacão.“O
centralismo esteve lá bem patente e notório para quem quis ver, tanto
da parte do deputado Jorge Lacão, como a ex-ministra Ana Paula Vitorino,
mas agora, perante estas declarações e estes sentidos de voto, é o PSD
que está a recuar”, ironizou a bancada social-democrata, dizendo aos
socialistas para que “vejam os sinais dentro do seu próprio partido”.António
Lima, do Bloco de Esquerda, trouxe o assunto ao parlamento porque
entende que é preciso os partidos nos Açores permanecerem unidos na
defesa da sua proposta, apesar das dúvidas levantadas na Assembleia da
República.“A batalha começa agora. Da
parte do BE lutaremos em uníssono, na região e na República, por uma lei
que aprofunde os poderes autonómicos, e defenda os superiores e
legítimos interesses da região”, insistiu o parlamentar bloquista,
apelando aos restantes partidos para que façam o mesmo.Já
Artur Lima, líder do CDS nos Açores, disse também esperar que o seu
partido, a nível nacional, abandone a visão “centralista” e “radical”
que tem demonstrado sobre esta matéria, agora que Assunção Cristas, que
teceu duras críticas à proposta açoriana, vai deixar a Assembleia da
República.“Assumirei sempre a defesa dos
Açores, contra o meu partido e contra os radicais do meu partido, que
são contra a autonomia, e antiautonomistas confessos”, sublinhou o
dirigente centrista.Paulo Estêvão, do PPM,
apelou a todos os partidos com assento na Assembleia Regional para que
se mantenham unidos na defesa dos interesses dos Açores, no caso
concreto da Lei do Mar, sugerindo que evitem entrar em guerrilhas
partidárias em ano de eleições regionais.Já
João Paulo Corvelo, do PCP, advertiu que a gestão do mar deve ser
“partilhada e equilibrada”, em parceria entre o Governo da República e
as duas regiões autónomas.A proposta de
lei apresentada pela Assembleia Legislativa dos Açores, que pretende
alterar a Lei do Mar (de forma a permitir que a gestão das águas
açorianas seja partilhada entre os Açores e a República), foi aprovada
na generalidade na Assembleia da República, em 19 de dezembro na
Assembleia da República, embora tenha gerado algumas dúvidas sobre a sua
constitucionalidade.