Vasco Cordeiro acusa ministro da Ciência de incompetência em projetos dos Açores
17 de dez. de 2021, 10:50
— Lusa/AO Online
Numa declaração escrita enviada
após questões da Lusa, o atual líder do PS/Açores reagiu às críticas do
ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que
justificou a proposta de um novo regime jurídico das atividades
espaciais com a “incompetência” dos Governos Regionais dos Açores para
avançar com o porto espacial de Santa Maria.“Julgo
que o senhor ministro, quando fala de atrasos e quando tece outras
considerações sobre a ação dos anteriores Governos Regionais, está
confundido quanto ao assunto e quanto aos protagonistas. Certamente por
lapso, refere-se ao dossiê espacial, quando me parece evidente que se
quer referir ao dossiê Universidade dos Açores. Quando fala de
incompetência dos anteriores Governos Regionais, parece-me que se estará
a referir ao próprio ministério que lidera”.O
também deputado regional do PS no parlamento açoriano criticou a “falta
de palavra” de Manuel Heitor face ao “que se comprometeu publicamente,
perante o reitor da Universidade dos Açores e perante o presidente do
XII Governo Regional”, referindo-se ao contrato-programa entre a
academia açoriana e o ministério.Aquele contrato, no valor de 1,2 milhões de euros, foi anunciado a 05 de fevereiro de 2020, mas ainda não entrou em vigor.Sobre
o processo do porto espacial, Vasco Cordeiro, que presidiu aos XI e XII
Governos Regionais dos Açores, destacou que não existiu “nenhuma
derrapagem do prazo”. “Até ao momento de
impugnação judicial, e à decisão do atual Governo Regional de aguardar
pelo desfecho da mesma, não houve nenhuma derrapagem de prazo em
qualquer fase do processo de contratação, que seja imputável à entidade
que lançou o concurso, ou seja, a Região Autónoma dos Açores/Governo
Regional dos Açores”, afirmou.O
socialista, que liderou o executivo açoriano entre 2012 e 2020, lembrou
que o Governo dos Açores criou a 30 de janeiro de 2017 a Estrutura de
Missão dos Açores para o Espaço, “ainda antes de o senhor ministro ter
conseguido criar a Agência Portugal Space” em 2019.O
líder parlamentar do PS/Açores lembra que os estudos para as
localizações do porto espacial, que “englobaram de forma mais direta
quatro ilhas” açorianas, foram realizados em 2017, “antes da data em que
o senhor ministro hoje alega ter apresentado o assunto”.Vasco
Cordeiro salientou que a “tipologia do procedimento concursal para a
instalação” do porto espacial foi indicada por Manuel Heitor e “aceite
pelo Governo Regional de então tendo em conta a vertente internacional”
do projeto.Hoje, após as críticas do
ministro, o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro
(PSD/CDS-PP/PPM), disse que o executivo tem procurado agir com “rapidez”
e “sentido muito estratégico” no processo de instalação do porto
espacial de Santa Maria, lembrando o contencioso judicial que impediu
avanços.As duas propostas que chegaram à
fase final do procedimento foram excluídas pelo júri do concurso público
e um dos consórcios impugnou a decisão em tribunal, solicitando, além
da admissão da sua proposta, que não possa ser lançado novo concurso
para o mesmo efeito.A 11 de novembro, Luís
Santos, coordenador da Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço,
disse que o projeto do Porto Espacial não foi abandonado pelo Governo
dos Açores, aguardando-se autorização do tribunal para avançar com um
novo concurso, após uma revisão e simplificação do processo.O
parlamento dos Açores manifestou-se hoje, por unanimidade, “contra a
aprovação” do regime jurídico das atividades espaciais proposto pelo
Governo da República, considerado um ataque à autonomia regional e uma
violação da Constituição.Na legislação em
vigor, consultada pela Lusa, os licenciamentos de atividades espaciais
nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira são definidos por decreto
legislativo regional”, enquanto o projeto do Governo da República prevê
que os licenciamentos sejam apenas “objeto de consulta ao Governo
Regional”.