"Confesso
também que o número me magoou, e magoou-nos a todos", afirmou o bispo
Américo Aguiar, em conferência de imprensa, em Lisboa, realçando o
contexto das "dificuldades" económicas "das famílias". O
bispo-auxiliar de Lisboa referiu que, "nos próximos dias", a
organização da JMJ vai reunir-se com as equipas responsáveis pelo
projeto para aferir "qual a razão desse valor". "Parcelas que puderem ser eliminadas, pediremos para serem eliminadas", frisou. Américo
Aguiar adiantou que a conceção do altar-palco "foi trabalhada com a
Santa Sé", mas que esta ainda não a validou a 100 por cento, e
"corresponde aos requisitos de segurança", considerando "muito positivo"
que a estrutura, por indicação da Câmara de Lisboa, possa "ficar para
utilização futura".Sobre "o caso", como
classificou o ajuste direto da construção do altar-palco, mencionou que a
organização da JMJ falou com o Presidente da República, Marcelo Rebelo
de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa. O
presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 agradeceu o "escrutínio da
missão" que a Igreja Católica lhe confiou, assinalando "o objetivo de
fazer bem" da organização."Nunca desistam
do escrutínio, que para nós é muito importante", afirmou, dirigindo-se
aos cidadãos, "que "todos se sintam livres de se pronunciar" sobre o que
"acontece no espaço público". O
bispo-auxilar de Lisboa apontou a estimativa de um milhão de jovens em
Lisboa durante a semana da JMJ, mas eventualmente "muito mais gente" na
missa final do Papa Francisco, assumindo como "uma das falhas" da
organização a impreparação para lidar com "a dimensão do acontecimento".A
obra de construção do altar-palco onde o Papa Francisco vai celebrar a
missa final vai custar 4,2 milhões de euros à Câmara de Lisboa, numa
empreitada atribuída por ajuste direto.Segundo
a informação disponibilizada no Portal Base da Contratação pública, "a
construção foi adjudicada por 4,24 milhões de euros (mais IVA)",
somando-se a esse valor "1,06 milhões de euros para as fundações
indiretas da cobertura".A Câmara de Lisboa
justificou na quarta-feira o investimento no altar-palco com as
necessidades do evento e as características do terreno, sublinhando que a
estrutura poderá receber 2.000 pessoas, metade dos quais bispos, e
continuará depois a ser utilizada.Na
terça-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, referiu
que sabia que a construção do altar-palco iria ficar muito cara,
acrescentando que será realizada com as especificações indicadas pela
Igreja Católica.A oposição na autarquia
queixou-se de "falta de transparência" e o partido Chega já requereu a
presença de Carlos Moedas no parlamento para explicar os custos do
evento.Na quarta-feira, a Fundação JMJ
comprometeu-se a divulgar, ao longo do projeto, "os custos e os
investimentos" do "acontecimento inédito para o país" que "são da sua
responsabilidade".A JMJ é o maior encontro
de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada
dois ou três anos, entre julho e agosto.Lisboa foi a cidade escolhida em 2019 para acolher o encontro de 2022, que transitou para 2023 devido à pandemia de covid-19.