"Valor das propinas no ensino superior deve ter por base critérios socioeconómicos"
19 de dez. de 2022, 15:46
— Lusa/AO Online
A
recomendação da OCDE consta do relatório “Resourcing Higher Education in
Portugal” sobre o modelo de
financiamento do ensino superior.O estudo
foi solicitado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
que pretende rever o modelo de financiamento, e entre as mais de 30
sugestões, os peritos fazem referência às propinas, defendendo
alterações ao modelo atual.Atualmente, o
valor máximo das propinas para o 1.º ciclo do ensino superior está
fixado em 697 euros e todos os estudantes pagam o mesmo. Em vez disso, o
relatório propõe um sistema diferenciado, em que o nível de propinas é
associado a critérios socioeconómicos.Nesse
caso, os alunos bolseiros pagariam um valor mais baixo, enquanto os
estudantes com baixos níveis de rendimento, mas não elegíveis para
bolsa, pagam um nível médio, fixando-se um valor mais elevado para os
restantes.Além das propinas, os
especialistas sugerem também o reforço dos apoios aos estudantes com
maiores necessidades e uma revisão dos critérios de elegibilidade que
atualmente vigoram para a atribuição de bolsas.O
objetivo dessa revisão seria avaliar a flexibilidade do sistema para
garantir apoio a uma população de estudantes cada vez mais diversificada
e aferir a necessidade de alterações ou de introdução de outros
instrumentos para apoiar estudantes mais velhos.Quanto
ao alojamento estudantil, o relatório refere que os investimentos
públicos futuros devem ser direcionados para territórios onde a procura
supera a oferta e planeados com base na procura prospetiva de ensino
superior.A propósito do financiamento do
ensino superior, o relatório recorda que a fórmula de cálculo prevista
na lei não é aplicada desde 2009 e sugerem que o Governo desenhe uma
nova fórmula orientada “por princípios de transparência, equidade de
tratamento e eficiência”.Apesar de os
fatores de custo previstos na atual fórmula de cálculo se alinharem com
os de outros países da OCDE, os peritos admitem que alguns, associados a
custos mais reduzidos, possam “não ser totalmente justificados”.Por
isso, a relação entre o número de alunos e de docentes deve ser o
principal fator e o modelo deve prever a atribuição de uma componente
fixa, entre 15% e 25% das dotações base, e estável ao longo do tempo,
definindo, igualmente, o propósito e os objetivos das dotações base.Considerando
que há condições para que esteja concluído a tempo de constar do
Orçamento do Estado para 2024, os peritos apontam a necessidade de um
período de transição, para que as universidades e politécnicos possam
adaptar-se ao novo sistema.Por outro lado,
recomendam mecanismos complementares e autónomos de financiamento e de
regulação política destinados às instituições localizadas em regiões
mais afetadas pela diminuição da população.