Valor das propinas mantém-se, Governo disponível para discutir teto em mestrados
OE2023
11 de out. de 2022, 15:03
— Lusa/AO Online
De acordo
com a proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), entregue na
Assembleia da República na segunda-feira, as propinas de todos os cursos
do ensino superior não vão sofrer aumentos no próximo ano letivo.A
única exceção são os mestrados e doutoramentos em que a propina desceu
no ano letivo de 2020-2021, face à pandemia da covid-19 e, nesses casos,
aplicam-se os valores fixados para 2019-2020, explicou hoje a ministra
da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.Elvira
Fortunato falava aos jornalistas à margem do encontro “As Futuras
Residências para Estudantes do Ensino Superior”, que decorreu no
Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, para a apresentação
de alguns dos projetos de construção e requalificação de residências
apoiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência. Além
de congelar o aumento do valor das propinas, a proposta do Governo para
2023 também mantém em 495 euros o limite mínimo fixado.Questionada
sobre se o Governo estaria disponível para debater a definição de um
teto máximo para as propinas dos mestrados, uma vez que atualmente há
cursos a custar mais de 10 mil euros, a ministra afirmou apenas:
“Estamos abertos a discutir”.Em 2023, os
setores da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior deverão receber uma
verba de 3.264,5 milhões de euros, mais 17,6% face à execução estimada
até ao final do ano. No entanto, e
admitindo que o valor “não é suficiente para cobrir todas as despesas”
das instituições, Elvira Fortunato sublinhou a importância das propinas
representam, enquanto fonte de receitas próprias, nas contas das
universidades e politécnicos.Por isso,
também não rejeitou um eventual aumento das propinas nos próximos anos
quando questionada sobre essa hipótese, afirmando que, apesar de o
Governo não equacionar essa medida, o atual contexto é incerto e “ainda é
precoce" discutir essa possibilidade.A
propósito do reforço dos apoios sociais, o OE2023 prevê que os
estudantes universitários sem bolsa, mas de famílias com baixos
rendimentos, também recebam a partir de janeiro um apoio para o
alojamento.O complemento, que varia entre
221 e 288 euros mensais, será alargado aos cerca de 15 mil estudantes
deslocados entre 25 mil alunos que passam a ser elegíveis para receber
bolsa a partir de 2023-2024, com o aumento do limiar de elegibilidade,
mas que este ano ainda não cumpriam os critérios.Esse
apoio será atribuído de forma automática após a entrada em vigor do
OE2023 a todos os estudantes deslocados, do ensino superior público e
privado, provenientes de famílias que recebam até ao salário mínimo
nacional.Segundo Elvira Fortunato, o
Governo está, no entanto, a negociar a antecipação dessa e de outras
medidas que reforçam os apoios sociais aos estudantes do ensino
superior, sem especificar quais.Atualmente, há cerca de 108 mil alunos deslocados, que representam 33% dos inscritos no ensino superior.Os
projetos de construção, adaptação e requalificação de residências, no
âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, deverão
permitir reforçar em 78% a capacidade atual das residências estudantis,
que deverá passar de 15.703 para 26.868 camas até 2026.Entretanto,
o Ministério estabeleceu também protocolos com entidades do setor
turístico e social, incluindo a Movijovem, responsável pelas Pousadas de
Juventude, que disponibilizaram 285 camas para estudantes do ensino
superior.“Há bastante capacidade
disponível nas Pousadas de Juventude”, sublinhou o secretário de Estado
do Ensino Superior, Pedro Teixeira, afirmando que das 285 camas, nem
todas estão ocupadas, havendo ainda a disponibilidade por parte da
Movijovem para alargar a oferta, caso seja necessário.