Valor da participação dos Açores na privatização da Azores Airlines por definir
2 de mar. de 2023, 18:30
— Lusa
“Vamos
determinar, aquando da elaboração da peça [do caderno de encargos para o
concurso público], o valor mínimo que ficará na região. Terei essa
resposta mais tarde. Estamos a preparar as condições para o Conselho do
Governo ter as peças. Ainda está em construção”, afirmou José Manuel
Boleiro, em declarações aos jornalistas, durante a Bolsa de Turismo de
Lisboa.O chefe do executivo de coligação
PSD/CDS-PP/PPM observou que, no âmbito do plano de reestruturação do
grupo SATA definido pela Comissão Europeia, ficou “desde a primeira hora
determinado que a exigência [quanto à privatização da Azores Airlines] é
de 51% no mínimo”.“O mercado determinará
depois o valor [final], tendo em vista defender os interesses da região e
do negócio. Estamos a cumprir as obrigações para salvar a SATA, com o
que ficou definido no plano de reestruturação, e defender no máximo o
interesse da região quanto a uma operação com sucesso”, disse.Quanto
à definição do caderno de encargos, o governante indicou que estará
concluído “em breve” e assegurou que o executivo está “a cumprir os
calendários de transformar o processo de transparência máxima”.“O caderno de encargos não será nem exigente nem facilitador e será elaborado com base no saber adquirido”, observou.Em
20 de janeiro, o Governo dos Açores indicou que quer concluir até
outubro a negociação da privatização da transportadora Azores Airlines,
indicando que o caderno de encargos vai exigir a manutenção dos postos
de trabalho e as obrigações de serviço público.Na ocasião, apontava-se a aprovação do caderno de encargos para o fim do mês de fevereiro.“Aprovando
o caderno de encargos até final de fevereiro, a nossa intenção é que,
até setembro ou outubro, possa estar concluído o processo de negociação
para a alienação da Azores Airlines”, afirmou o secretário das Finanças,
Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, na apresentação
das deliberações do Conselho de Governo (PSD/CDS-PP/PPM), que autorizou a
SATA Holding a iniciar o “procedimento de alienação” de 51% do capital
social da Azores Airlines/SATA Internacional.A
privatização vai ser realizada através de um concurso público
internacional, com a obrigação de “não se proceder a despedimentos
coletivos, nem à extinção de postos de trabalho” na companhia “durante
um período predefinido”, avançou o executivo em janeiro.O
adquirente fica ainda obrigado a apresentar uma proposta a “qualquer
concurso público relativo aos serviços aéreos regulares nas rotas não
liberalizadas entre o continente e os Açores” e entre os Açores e a
Madeira ou a “manter a proposta” anteriormente apresentada pela Azores
Airlines para aquelas rotas (Lisboa-Santa Maria-Lisboa,
Lisboa-Pico-Lisboa, Lisboa-Horta-Lisboa e Funchal-Ponta
Delgada-Funchal).O caderno de encargos vai
ainda exigir a manutenção das rotas de Lisboa e Porto com as ilhas de
São Miguel e Terceira e a ligação à diáspora açoriana na América do
Norte, bem como a manutenção da sede da empresa nos Açores “durante um
período predefinido”.Em junho, a Comissão
Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à
reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em
empréstimos e garantias estatais, prevendo ‘remédios’ como uma
reorganização da estrutura empresarial.A
injeção financeira implica o desinvestimento de uma participação de
controlo (51%) na Azores Airlines, o desdobramento da atividade de
assistência em terra e uma reorganização da estrutura empresarial da
SATA, com a criação de uma 'holding' que substitui a SATA Air Açores no
controlo das suas operações subsidiárias.Estão
ainda previstas a obrigação de a SATA ter um limite máximo na sua frota
até ao final do plano de reestruturação e a proibição de, também até
esse prazo, fazer qualquer aquisição de aviões.A Azores Airlines opera de e para fora do arquipélago, enquanto a SATA Air Açores efetua ligações interilhas.