Vagas no ensino superior poderão ser alargadas a mais alunos carenciados
5 de jan. de 2023, 18:21
— Lusa/AO Online
“Nós
achamos que este é um dos aspetos que provavelmente poderá ser
introduzido já este ano”, disse à Lusa o secretário de Estado do Ensino
Superior, Pedro Teixeira, referindo-se ao projeto que prevê novas regras
no acesso ao ensino superior.O plano
inicial do Governo era criar uma bolsa destinada a alunos de escolas de
Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), ou seja,
escolas situadas em bairros mais problemáticos onde é mais difícil
combater a pobreza e o insucesso escolar.No
entanto, a equipa que está a desenhar o novo modelo de acesso ao ensino
superior está a ponderar alargar o projeto a todos os alunos do 1.º
escalão de Apoio Social Escolar (ASE), independentemente da escola que
frequentem, revelou o secretário de Estado.Pedro
Teixeira explicou que o projeto quer dar uma oportunidade aos
estudantes mais desfavorecidos “para que tenham um futuro melhor do que
aquele que tiveram os seus pais ou os seus avós”.“Nós
somos um país onde a transmissão da pobreza de uma geração para a outra
é muito forte, ou seja, se alguém nasceu numa família pobre, tem uma
probabilidade muito elevada de também ser pobre”, salientou.Pedro
Teixeira disse que as várias entidades ouvidas estão de acordo com o
projeto de criar um contingente especial que permita a estes estudantes
ter preferência na escolha. O governante
sublinhou que se tratará “de uma pequena percentagem” de alunos: “De uma
forma simplificada, são os melhores dos estudantes mais pobres terem
preferência na escolha do curso e da instituição”.Neste
momento, está ainda em análise se o projeto será implementado de forma
gradual, começando com um projeto-piloto, e se começam apenas nas
escolas TEIP ou se será alargado a todas as escolas.Pedro
Teixeira acrescentou que a ideia é que estes alunos entrem no ensino
superior, “façam um percurso de ensino com sucesso e saiam mais
qualificados para o mercado de trabalho para terem mais oportunidades do
que aquilo que a sua origem familiar à partida lhes permitiria”.Pedro
Teixeira lembrou ainda a alteração do regulamento de atribuição das
bolsas de Ação Social, que passou a garantir a continuidade do apoio
financeiro no ensino superior para os alunos que já recebiam bolsa no
secundário.Com esta medida tornou-se mais
rápida a atribuição das bolsas: Num universo de mais de 100 mil bolsas
anuais, o Governo conseguiu ter até ao final de 2022 praticamente 90%
dos processos de candidatura resolvidos.Além
das bolsas, o secretário de estado lembrou que estes alunos têm
prioridade nas residências a preços controlados e, quando não têm vaga,
recebem um complemento alojamento “cujo valor já foi aumentado duas
vezes este ano letivo, para acompanhar a subida dos preços em termos de
habitação e que é diferenciado conforme a cidade”.