Vacinação a partir dos 18 começou em Cascais com jovens ansiosos por normalidade
Covid-19
9 de ago. de 2021, 17:56
— Lusa/AO Online
Quase
duas semanas depois de ter ficado disponível o autoagendamento para a
toma da vacina contra a Covid-19 para pessoas a partir dos 18 anos,
chegou o dia de os jovens do concelho de Cascais nesta faixa etária
começarem a ser vacinados.Para
o primeiro dia, estavam marcadas 376 pessoas dos 18 aos 20 anos,
concentradas no período da manhã, e pelas 08h30 já se formava a fila à
entrada do Complexo Desportivo de Alcabideche, onde está instalado o
centro de vacinação."Nós
achamos que estes jovens estão com muita vontade de fazer a sua
vacina", antecipou à agência Lusa Carla Ares, do Agrupamento de Centros
de Saúde (ACES) de Cascais (distrito de Lisboa), contando que durante a
semana passada, quando o autoagendamento para maiores de 18 anos esteve
suspenso, receberam muitas pessoas dessa faixa etária que queriam marcar
a toma da vacina.Comparativamente
aos adultos na faixa etária dos 30 anos, Carla Ares nota até uma maior
disponibilidade entre os mais novos e na fila, que continuava a crescer
desafiando a organização que rapidamente se adaptou, os próprios jovens
confirmavam essa vontade.Quando
o autoagendamento ficou disponível a 28 de julho, Nelson, de 20 anos,
não quis esperar mais para marcar a 1.ª dose, ou o primeiro passo em
direção à normalidade."Acho
que os jovens têm de ver isto como uma forma de não ficarmos proibidos
como estivemos nos últimos dois anos, para terem aquilo que tivemos de
sacrifica pelo bem da comunidade", defendeu.Se
há um motivo comum para aderir ao processo de vacinação contra a Covid-19 entre os mais jovens, parece ser essa ânsia pelo regresso a uma
normalidade tão próxima quanto possível daquela que está interrompida
desde março de 2020.Já
no interior do complexo desportivo, foi precisamente o desejo de
reencontrar amigos sem as limitações atuais que ajudou Inês Lobo a
ultrapassar o medo da agulha, o único fator que a fazia recear a vacina.A
espera foi curta e poucos minutos depois de chegar a jovem de 20 anos
já estava a entrar para uma das 'boxes' onde as vacinas são
administradas. De lá, saiu com a 1.ª dose tomada."Queremos
voltar à normalidade, não ter de nos preocupar com fazer ou não fazer
testes", sublinhou em declarações à Lusa, enquanto esperava na zona onde
é feito o recobro, cerca de 30 minutos, antes de poder ir embora.Segundo
Inês Lobo, a grande maioria dos seus amigos e familiares também queria
ser vacinada e incentivava as pessoas à sua volta a fazê-lo. Por isso, a
jovem acredita que a hesitação vacinal entre as faixas etárias mais
jovens será minoritária.Quando
o processo de vacinação se começou a aproximar dos 20 anos,
levantaram-se preocupações relativamente à adesão das pessoas nessas
idades, sobretudo depois de um estudo da Escola Nacional de Saúde
Pública da Universidade Nova de Lisboa, divulgado no final de junho,
apontar que 14,3% dos jovens entre os 16 e os 25 anos ainda não tinha
decidido se seria ou não vacinado.Na
opinião pública, o debate virou-se para as formas de motivar e
incentivar a vacinação destes jovens, antecipando alguma resistência."Se
calhar, a generalização acaba por ser um bocado injusta, porque nós,
mais do que nunca, queremos é fazer tudo normal, por isso, acho que a
maioria quer fazer tudo para que isso aconteça", sublinhou Inês.Com
a mesma opinião, Nelson também vê mais vantagens do que desvantagens na
vacinação, não só de olhos postos no regresso à normalidade, mas também
na proteção dos seus familiares mais velhos, e acredita que a maioria
considera igualmente que compensa arriscar. Ao lado, a namorada Mariana
concorda."Quanto
mais cedo levarmos a vacina, melhor", defendeu a jovem de 19 anos que,
por ser voluntária de um outro centro de vacinação no concelho de
Cascais já ia hoje receber a 2.ª dose."Havia
muitos jovens que tinham medo, mas acho que aderiram muito bem porque
viram que era necessário e importante", acrescentou.Do
lado de quem gere aquele centro, essa perceção confirmar-se e hoje, o
primeiro dia da vacinação de maiores de 18 anos, foi o "pontapé de
saída"."Penso
que até ao início do ano letivo vai haver uma adesão, porque tem sido
uma faixa etária que tem sido muito penalizada", antecipou Ana
Marcelino, gestora dos centros de vacinação de Cascais.Depois
do primeiro dia, com 376 jovens agendados, o número de marcações
diárias nesta faixa etária vai continuar a aumentar e, a partir de
quarta-feira, Ana Marcelino e Carla Ares preveem que ultrapasse as mil.No
fim-de-semana, é a vez das pessoas com 16 e 17 anos, que puderam
realizar o autoagendamento entre terça e sexta-feira. Em Cascais, não
ficaram vagas disponíveis e, por isso, as duas responsáveis esperam mais
de 1.600 jovens em cada um dos dois dias.O
autoagendamento para maiores de 18 voltou entretanto a estar
disponível, depois de ter sido temporariamente suspenso para o
agendamento dos mais novos. Quando abriu pela primeira vez, no final de
julho, a afluência foi tal que a plataforma esteve em baixo.