Vacina portuguesa à espera de apoio estatal para avançar com ensaios clínicos
Covid-19
1 de set. de 2021, 11:02
— Lusa/AO Online
“Neste momento, tudo
aquilo que podíamos fazer de ensaios não clínicos está feito. Já
provámos a eficácia da vacina no modelo animal, já provámos a ausência
de toxicidade. O próximo passo seria avançar para ensaios clínicos. O
que aconteceu com quase todas as vacinas é que houve um forte apoio do
Governo. Apesar dos contactos que houve, do interesse e de algumas
reuniões, ainda estamos à espera”, disse à agência Lusa o diretor
executivo da Immunethep, Bruno Santos.Segundo
o responsável da biotecnológica sediada em Cantanhede, no distrito de
Coimbra, caso já houvesse garantias de financiamento por parte do
Governo, a empresa já poderia estar “a pedir autorização dos ensaios
clínicos ao Infarmed para começarem” este mês.“Não
tendo o financiamento, poderemos perder alguns meses”, disse, realçando
que são necessários cerca de 20 milhões de euros para a fase de ensaios
clínicos.Para Bruno Santos, a forma mais
fácil e rápida de financiar o processo passaria “pela compra antecipada
de vacinas, tal como foi feito nos Estados Unidos e na Alemanha”.Já
a possibilidade colocada pelo Governo passou pela candidatura a fundos
europeus, tendo a empresa fundada em 2014 concorrido a uma linha de
financiamento.“Caso conseguíssemos 80% de
financiamento, temos uma série de investidores que se mostraram
interessados e conseguiríamos cobrir os outros 20%, mas o valor a ser
apoiado pode não ser esse”, notou.No entanto, o prazo de decisão para a candidatura submetida apenas termina a 31 de dezembro, explicou.“Com
todas as incertezas que temos, que são reais, não consigo estabelecer
um prazo. Estou dependente de todas as variáveis, mas perderemos aqui
alguns meses num período que seria crítico”, salientou.Para
Bruno Santos, depois de todo o desenvolvimento feito pela empresa, que
apresentou uma solução que “ainda é válida e que ainda pode ser útil”, é
“um bocadinho frustrante” estar dependente apenas da questão do
financiamento.Mesmo numa altura em que
muitos dos países ocidentais têm já grande parte da população vacinada, o
cofundador da Immunethep salienta que a vacina continua a ser viável.“Tem
características que a tornam interessante para países em
desenvolvimento, pela facilidade de administração, que não precisa de
ser por um profissional de saúde, não precisa de uma cadeia de frio e
como trabalha o vírus como um todo tem uma cobertura maior das
variantes, tornando-a mesmo assim útil para Portugal e para os países
desenvolvidos, já que as novas variantes fazem baixar a eficácia de
vacinas como a Pfizer ou a Moderna”, realçou.