Vacina chinesa com resultados positivos em ensaio clínico
Covid-19
18 de nov. de 2020, 13:30
— Lusa/AO Online
O
ensaio clínico de fase 1/2 de um produto candidato a vacina (CoronaVac)
envolveu mais de 700 voluntários saudáveis, com idades entre 18 e os 59
anos, recrutados na China entre 16 de abril e 05 de maio.“A
vacina pareceu ser segura e bem tolerada em todas as doses testadas. O
efeito colateral mais relatado foi dor no local da injeção”, lê-se na
informação divulgada pela Lancet.Passados
14 dias da dose final, foram detetadas “respostas robustas” de
anticorpos após duas injeções da vacina candidata, com 14 dias de
intervalo, mesmo na dose mais baixa testada.Os
níveis de anticorpos induzidos pela vacina foram mais baixos do que os
observados em pessoas que foram infetadas e recuperaram da doença
covid-19, provocada pelo novo coronavírus, mas os investigadores afirmam
que ainda esperam que a vacina possa fornecer proteção contra o vírus.O
objetivo principal foi avaliar a resposta imune e a segurança da
vacina. O estudo não foi elaborado para avaliar a eficácia na prevenção
da infeção por SARS-CoV-2.Os resultados do
ensaio clínico de fase inicial da vacina candidata com base no vírus
inteiro inativado do SARS-CoV-2 (CoronaVac) foram publicados no jornal
The Lancet Infectious Diseases, revelando que a formulação parece segura
e induz uma resposta de anticorpos em pessoas saudáveis.As
respostas de anticorpos podem ser induzidas dentro de 28 dias após a
primeira imunização, administrando duas doses da vacina candidata com 14
dias de intervalo.O estudo permitiu
também identificar a dose ideal para gerar a melhor resposta de
anticorpos, tendo em consideração os efeitos colaterais e a capacidade
de produção, o que será estudado mais detalhadamente noutros ensaios já
em curso.Os cientistas acreditam que o
CoronaVac pode fornecer proteção suficiente contra a Covid-19, com base
na experiência de outras vacinas e dados de estudos pré-clínicos em
macacos.O estudo não foi projetado para
avaliar a eficácia e os resultados dos estudos de fase 3 serão cruciais
para determinar se a resposta imune gerada pelo CoronaVac é suficiente
para proteger da infecção por SARS-CoV-2. “Além
disso, a persistência da resposta do anticorpo precisa de ser
verificada em estudos futuros para determinar a duração de qualquer
proteção”, refere-se no documento.Serão
necessários mais estudo para testar a vacina candidata noutras faixas
etárias, bem como em pessoas com doenças preexistentes."As
nossas descobertas mostram que CoronaVac é capaz de induzir uma
resposta rápida de anticorpos dentro de quatro semanas de imunização,
dando duas doses da vacina num intervalo de 14 dias. Acreditamos que
isso torna a vacina adequada para uso de emergência durante a pandemia. A
longo prazo, quando o risco de covid-19 for menor, os nossos resultados
sugerem que dar duas doses com um intervalo de um mês, em vez de um
intervalo de duas semanas, pode ser mais apropriado para induzir
respostas imunológicas mais fortes e potencialmente mais duradouras”,
explicou Fengcai Zhu, co-autor do estudo, do Centro Provincial de
Controle e Prevenção de Doenças de Jiangsu, Nanjing, na China,
defendendo a necessidade de mais estudos.CoronaVac
é uma das 48 vacinas candidatas para a Covid-19 que estão atualmente em
ensaios clínicos. É uma vacina de vírus completo quimicamente
inativado, baseada numa estirpe de SARS-CoV-2 que foi originalmente
isolada num paciente na China.