Vacina AstraZeneca pode ser dada a pessoas com mais de 65 anos
10 de fev. de 2021, 18:24
— Lusa/AO online
A posição foi
transmitida em conferência de imprensa, no seguimento de uma reunião do
grupo realizada na segunda-feira, para analisar a eficácia da vacina.Vários
países, incluindo Portugal, recomendaram que a vacina não fosse
administrada a pessoas com mais de 65 anos, por haver dúvidas sobre a
eficácia nesse grupo etário.Alejandro
Cravioto, presidente do SAGE, recomendou que a vacina fosse administrada
a todos os grupos etários (com algumas exceções por falta de
informação, como mulheres grávidas), independentemente das variantes que
predominem nos países.Nas recomendações,
provisórias, os peritos da OMS notam que a eficácia da vacina
AstraZeneca tende a ser maior quando o intervalo entre a primeira e a
segunda dose é mais longo, e sugerem um intervalo entre oito a 12
semanas entre as duas doses.A OMS
recomenda também que não devem ser administradas vacinas diferentes
contra a covid-19. Diz que deve haver um intervalo de 14 dias entre a
vacina da AstraZeneca e qualquer outra vacina comum, assegura que não
foram até agora registadas reações alérgicas à vacina e que ela pode ser
administrada a quem esteja, por exemplo, constipado.Alejandro
Cravioto reconheceu que nos ensaios da vacina houve um número
“relativamente pequeno” de participantes com mais de 65 anos, e que
houve poucos casos de covid-19 quer dos que levaram a vacina quer do
grupo de controlo, razão pela qual o intervalo de confiança na
estimativa de eficácia é muito largo, esperando para breve estimativas
de eficácia mais precisas.No entanto,
acrescenta a OMS, as respostas imunitárias induzidas pela vacina em
pessoas mais idosas são semelhantes às de outros grupos etários, e os
dados indicam que a vacina é segura para pessoas com mais de 65 anos.De
resto os peritos aconselham a vacina para pessoas com comorbilidades,
como obesidade ou doenças cardiovasculares, ou diabetes, não a
recomendam para menos de 18 anos por falta de dados sobre a eficácia, e
também não recomendam para mulheres grávidas, exceto se o benefício for
superior aos riscos de vacinação. E dizem que não há dados suficientes
sobre a vacinação para pessoas com sida ou doenças autoimunes.A
vacina AstraZeneca, importante para a OMS porque é uma das que vai ser
distribuída (mais de três centenas de milhões de doses) pelo mecanismo
COVAX (iniciativa para uma distribuição global e equitativa de vacinas),
ao contrário de outras pode ser conservada numa rede normal de frio, o
que foi salientado hoje na conferência de imprensa."É
uma das vacinas que podem ser armazenadas em frigoríficos normais, por
isso vai ser muito útil", disse o cientista chefe da OMS Soumya
Swaminathan.Alejandro Cravioto admitiu que
a vacina possa ter menos eficácia em relação às novas variantes do novo
coronavírus mas acrescentou que há dados que indicam que protege contra
casos graves de covid-19, embora possa ser menos eficaz em casos
ligeiros.“Não há nenhuma razão para não a aconselhar, mesmo em países onde circulam as novas variantes”, disse.Um
estudo feito na semana passada na África do Sul, onde circula uma das
novas variantes, indicou que a eficácia da vacina AstraZeneca era muito
limitada, podendo ser apenas de 22%, o que levou o país a adiar a
distribuição.Na conferência de imprensa
Soumya Swaminathan disse no entanto que não se devem comparar vacinas
nem esperar por outras melhores, porque “qualquer vacina disponível é
melhor do que esperar”.Também Katherine
O´Brien, diretora de imunização da OMS, sublinhou que é sempre
preferível vacinar, mesmo que a eficácia seja menor.Nas
recomendações apresentadas hoje os peritos da OMS não defenderam que
sejam vacinados os viajantes internacionais, dado que ainda há poucas
vacinas disponíveis no mercado.A eficácia
da vacina AstraZeneca está estimada em 70%, enquanto as vacinas
Pfizer/BioNTech ou Moderna têm uma eficácia superior a 90%.