Utentes só usaram um em cada quatro vales cirurgia no 1.º semestre
29 de out. de 2024, 12:35
— Lusa/AO Online
Numa informação
divulgada relativa à monitorização dos tempos de espera no Serviço
Nacional de Saúde (SNS) no primeiro semestre deste ano, a Entidade
Reguladora da Saúde (ERS) indica que dos 51.940 vales cirurgia e notas
de transferência emitidos, apenas foram cativados 26,9%.Segundo
o regulador, a baixa taxa de utilização “poderá dever-se à opção dos
utentes em permanecer em lista de espera no hospital de origem pela
relação de confiança estabelecida com esse prestador, ou por outros
fatores, como a distância aos prestadores constantes da lista”.Dos
utentes operados com vales cirurgia ou notas de transferência, 76,3%
foram operados em prestadores de cuidados de saúde privados, 23,4% em
prestadores do setor social e 0,3% em prestadores de cuidados de saúde
públicos.Dados divulgados no mês passado
pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) indicavam
que nos primeiros oito meses do ano tinham sido emitidos mais de 134.400
vales cirurgia, mais de metade dos quais (55,37%) acabaram recusados
pelos doentes.Este ano, segundo a DE-SNS,
os vales cirurgia estão a ser emitidos, pela primeira vez, quando se
atinge 75% do Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG) e o hospital de
origem não garante a realização ou o agendamento da cirurgia dentro
deste tempo.Quando o utente recebe o vale,
tem entre cinco e 15 dias úteis para enviar a justificação de recusa (a
carta leva um envelope RSF) e o doente pode recusar três vezes. No caso
de recusa, o utente regressa ao hospital de origem e mantém a sua
posição na Lista de Inscritos para Cirurgia (LIC).Os
dados hoje divulgados pela ERS relativos às cirurgias em hospitais de
destino (através da utilização de nota de transferência ou vale
cirurgia) indicam que foram realizadas 13.966 (excluindo as de
cardiologia e oncologia) no primeiro semestre, 26,4% fora dos tempos
máximos legalmente definidos.A 30 de junho
de 2024 havia 4.319 utentes em espera para cirurgia em hospitais de
destino, 15,6% dos quais já tinham ultrapassado o TMRG.Foram realizadas 228 cirurgias programadas de oncologia nos hospitais e destino, mais de metade (60,1%) fora do TMRG.A
30 de junho, 58 utentes aguardavam cirurgia oncológica nos hospitais de
destino, 27,6% dos quais com espera superior aos tempos máximos
legalmente definidos.Não foram realizadas
cirurgias programadas de cardiologia em hospitais de destino e, a 30 de
junho, existia um utente em espera para cirurgia já fora do TMRG.Os
hospitais de destino incluem, quer os privados ou sociais com convenção
no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia
(SIGIC), quer os hospitais públicos com capacidade de atendimento de
utentes de outras unidades do SNS.O Manual
de Gestão de Inscritos para Cirurgia define que os episódios com
prioridade “normal” e “prioritário” são transferidos decorridos,
respetivamente, 75% e 50% do TMRG. Já os “muito prioritários” são
transferidos a pedido do utente, ao quinto dia de tempo de espera, não
se aplicando às cirurgias oncológicas.No
documento hoje divulgado, a ERS recorda que, relativamente aos cuidados
de saúde primários, mantém-se a dificuldade de obtenção de dados que
permitam aferir o cumprimento ou não dos TMRG nas diferentes regiões de
saúde.