Universidade de Coimbra desenvolve modelo de carregamento inteligente para autocarros elétricos
25 de jul. de 2022, 10:35
— Lusa/AO Online
Em nota de imprensa enviada à
agência Lusa, a UC explicou que o estudo - com denominação “Electric Bus
Coordinated Charging Strategy Considering V2G And Battery Degradation” -
também mostra que o modelo contribui para aumentar o ciclo de vida das
baterias.O estudo já se encontra publicado
na revista Energy e foi realizado no Instituto de Engenharia de
Sistemas e Computadores de Coimbra (INESC Coimbra) da Universidade de
Coimbra, sendo financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia
(FCT).Citados na nota de imprensa, os
autores do modelo (Jônatas Augusto Manzolli, João Pedro Trovão e Carlos
Henggeler Antunes) explicaram que a descarbonização dos transportes
públicos é essencial para o aumento da eficiência energética, mitigação
das mudanças climáticas e redução da poluição urbana.No
entanto, “ainda há desafios a vencer para possibilitar a adoção em
massa destes veículos nas cidades, nomeadamente limitações ao nível de
infraestrutura e operacionais”.“Atualmente,
a rede elétrica não está preparada para uma eletrificação total dos
transportes públicos. Por isso, é necessário encontrar soluções que
ultrapassem estes obstáculos”, acrescentaram.De
acordo com a informação, o modelo desenvolvido pelos três
investigadores do INESC Coimbra propõe uma abordagem mista, considerando
a venda de energia à rede através da tecnologia V2G (do inglês vehicle
to grid) e a degradação das baterias.O que
distingue este modelo é justamente o facto de ter em conta a degradação
das baterias, salientaram Carlos Henggeler Antunes e João Pedro Trovão,
também docentes da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC) e
do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), respetivamente.“A
principal novidade do modelo é incluir uma estrutura de envelhecimento
da bateria para avaliar os custos de degradação, o que permite aumentar o
ciclo de vida das baterias, que atualmente ainda são dispendiosas”,
apontaram, acrescentando que “nem todos os veículos precisam estar
totalmente carregados para operar diariamente”.“Este
aspeto é relevante, pois reduz o custo total de carregamento e
desempenha um papel na melhoria do ciclo de vida das baterias”.Para
avaliar a eficácia do modelo desenvolvido, os investigadores realizaram
um estudo de caso, utilizando dados reais da frota de miniautocarros
elétricos que circulam na cidade de Coimbra, conhecidos por
“pantufinhas”.Também foram efetuadas várias análises para se compreender como é que o modelo operaria de forma ótima na gestão da frota.Os
resultados obtidos mostraram que, “comparando o pior cenário possível –
por exemplo, carregando a frota no horário em que a energia é mais cara
e carregando todos os autocarros ao mesmo tempo, sem nenhum tipo de
coordenação – com o modelo desenvolvido conseguiu-se uma melhoria de
entre 30 a 40%, uma percentagem muito elevada, evidenciando que, se o
carregamento for coordenado, a redução de custos é muito significativa”,
realçou Jônatas Augusto Manzolli, primeiro autor do artigo científico e
estudante do programa de doutoramento em Sistemas Sustentáveis de
Energia na UC.A equipa realizou também
testes de análise de sensibilidade para avaliar as possibilidades de
comercialização de energia com a rede elétrica, tendo verificado que
atualmente não seria vantajoso, mas num futuro próximo poderá ser
economicamente rentável.Os investigadores
explicaram que o sistema avalia as “possibilidades de transações de
energia com a rede, considerando cenários de preço de substituição de
bateria e variações de preço de energia elétrica”.“Observando
a degradação da bateria e a venda de energia, o nosso estudo indica
que, em 2030, os custos de operação podem ser 38% menores. Por isso, a
abordagem apresentada neste trabalho fornece uma ferramenta que pode ser
utilizada pelos operadores de transportes públicos para auxiliar na
tomada de decisão relativa à eletrificação de frotas de autocarros”,
apontaram.A UC referiu ainda que a próxima
fase da investigação vai centrar-se em desenvolver uma versão mais
detalhada do modelo de otimização, permitindo uma previsão em minutos,
para dar resposta, por exemplo, quando acontece um acidente e obriga a
uma reorganização de toda a frota e do seu carregamento.