Unicef Portugal promove encontro sobre políticas locais e direitos das crianças na 5.ª feira
15 de nov. de 2022, 12:11
— Lusa/AO Online
No
documento “Colocar os direitos da criança como prioridade nacional”, a
que a Lusa teve acesso, a Unicef Portugal alerta que “a
descentralização, o aumento da pobreza e o agravamento das desigualdades
e a reforma do sistema de proteção infantil exigem a definição de um
modelo de governação de direitos da criança mais ambicioso, para
garantir respostas integradas, equitativas e justas para todas as
crianças”.No entendimento do Fundo das
Nações Unidas para a Infância, Portugal devia adotar algumas medidas,
entre as quais a criação de um ministério ou uma secretaria de Estado
específicos, “como já existe em muitos países da União Europeia”, o que
permitiria “alinhar políticas e dar visibilidade às crianças”.Aumentar
os recursos humanos, técnicos e financeiros da Comissão Nacional de
Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e dos Jovens é outra das
recomendações.A Unicef Portugal sugere
ainda um provedor da Criança, que “a maioria dos países europeus tem”,
por estar comprovado que “a maioria das crianças em circunstâncias
vulneráveis continua a não apresentar queixas ao provedor de Justiça”.Simultaneamente,
propõe a criação de um observatório nacional, para partilha de
informação e elaboração de melhores políticas e práticas a nível
nacional e local.“Alguns municípios
parecem sentir a necessidade de criar mais conhecimento sobre os
direitos da criança para apoiar as suas ações”, refere, citando o
exemplo do Porto, que já tem um observatório.No
que respeita à descentralização, a Unicef Portugal alerta que esta não
se pode traduzir na redução da “responsabilidade direta dos governos” no
cumprimento das obrigações para com todas as crianças e que impõe “uma
coordenação mais forte” a nível nacional.Atualmente,
as questões relacionadas com os direitos da criança são tratadas por
vários ministérios e a vários níveis, o que pode dificultar essa
coordenação.Segundo a Unicef, existem em
Portugal 150 mil crianças em situação de pobreza extrema e estima-se que
este número possa aumentar.Face a isso,
Portugal precisa de “um sistema mais robusto para a plena realização dos
direitos da criança”, avalia, lembrando que “em breve” será elaborada a
próxima Estratégia Nacional para os Direitos da Criança (a primeira foi
adotada para 2021-2024).Recordando que o
impacto da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia está “a afetar,
diretamente, a vida das famílias” e poderão ter “um efeito considerável
na qualidade de vida de crianças e jovens”, a organização cita
estimativas que indicam que “mais dois milhões de crianças ficarão em
situação da pobreza na União Europeia”.O
documento “Colocar os direitos da criança como prioridade nacional”
servirá de base a uma sessão agendada para quinta-feira, às 14:00, no
auditório da Assembleia da República.A
iniciativa da Unicef Portugal, que decorre no âmbito do Dia Universal
dos Direitos da Criança, que se assinala em 20 de novembro, contará com a
participação da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social,
do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do
Território, de deputados da Comissão de Assuntos Constitucionais,
Direitos, Liberdades e Garantias e da presidente da Associação Nacional
de Municípios Portugueses, entre outros peritos.