Única livraria da ilha do Pico nos Açores pretende reabrir em abril
8 de fev. de 2025, 09:33
— Lusa/AO Online
“É uma mágoa
muito grande saber que há, embora poucas pessoas, mas algumas que são
leitoras fiéis da livraria, algumas poucas que vivem aqui na ilha e
muitas outras que vêm habitualmente em trabalho ou em férias. Portanto,
vamos fazer esse esforço de manter a livraria aberta”, adiantou, em
declarações à Lusa, o sócio fundador da editora e da livraria Companhia
das Ilhas, Carlos Alberto Machado.Em
setembro de 2024, Carlos Alberto Machado alertou para a possibilidade de
a livraria localizada na vila das Lajes, na ilha do Pico, fechar
portas, criticando a falta de apoios do Governo Regional e da autarquia
local.Depois de cinco anos de atividade, a
livraria da Companhia das Ilhas, a única na ilha do Pico e nas ilhas
vizinhas de São Jorge e Faial, encerrou mesmo em dezembro, apesar de
alguns leitores mais fiéis continuarem a encomendar um ou outro livro
por telefone.Os dois proprietários da
livraria, Carlos Alberto Machado e Sara Santos, decidiram “fazer mais um
esforço para tentar manter a livraria aberta”, mas os apoios públicos
não sofreram alterações.“Quer o Governo
Regional dos Açores, quer a Câmara Municipal das Lajes do Pico,
mantiveram-se em absoluto silêncio quanto à possibilidade que era real e
continua a ser, de certa maneira, de a livraria e a editora findarem
atividade”, afirmou o sócio fundador.Carlos
Alberto Machado voltou a lamentar a falta de apoios públicos,
sublinhando que “uma livraria não é um projeto comercial”, mas “um
projeto cultural”, sobretudo em meios pequenos, onde faltam incentivos à
leitura.“Cumpre uma função social
bastante larga, ainda por cima num conjunto de ilhas onde as bibliotecas
também funcionam mal. Por exemplo, aqui a biblioteca está praticamente
fechada. Tem um horário das 09:00 às 16:00, mas não tem atividades, não
tem promoção da leitura, que é uma coisa importante”, salientou.Numa
ilha com menos de 14 mil habitantes, os proprietários da livraria
reabrem portas na primavera, quando o número de visitantes começa a
aumentar.“O nosso público principal são
pessoas que vêm à ilha visitar, ou em trabalho, ou em férias. Há um
conjunto significativo de pessoas que não sendo naturais da ilha têm
casa de férias e vêm sobretudo no período de primavera e verão”, disse
Carlos Alberto Machado.O horário de
abertura está ainda dependente de a livraria conseguir encontrar um
interessado para concorrer aos programas de estágio existentes na
região.Se isso não acontecer, o período de funcionamento terá de ser mais reduzido, segundo o sócio fundador.“Somos
duas pessoas e o facto de termos de ir para a livraria várias horas por
dia prejudica imenso o trabalho da editora, que é a nossa atividade
principal”, explicou.Quanto à editora,
criada em 2011, deverá manter o ritmo da atividade, com uma publicação,
em média, de 30 títulos novos a cada ano.“Vamos
tentar reduzir custos, porque os preços de tipografia são complicados e
temos custos acrescidos de envio de livros para o continente”, avançou
Carlos Alberto Machado.Para além de
renovar coleções, sobretudo de poesia, com novos autores e novos
títulos, a Companhia das Ilhas prevê iniciar em 2025 uma nova chancela
com livros de escritores estrangeiros.“Vamos fazer seis livros novos, sobretudo de traduções, algumas inéditas outras não”, revelou o editor.Os primeiros três livros deste ano, de poesia, já estão impressos e serão lançados em fevereiro.