União Europeia quer compromissos de governos e empresas assumidos em conferência global
3 de out. de 2017, 13:04
— Lusa/AO Online
A conferência Our Ocean 2017 (OOC 2017) -
onde são esperados mais de 1.000 participantes, entre ministros,
representantes de instituições internacionais, organizações
não-governamentais, cientistas e empresários - pretende começar a lançar
as fundações de um mecanismo de governação global dos oceanos. Portugal
estará representado pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, que, numa
intervenção prevista para o primeiro dia da conferência, irá anunciar
novas iniciativas e compromissos financeiros de Portugal sobre prevenção
da introdução de espécies marinhas não-indígenas, tecnologias da
informação relacionadas com o ambiente e atividades económicas oceânicas
e investigação científica sobre impactos ambientais da mineração do
fundo marinho. O presidente da Fundação Oceano Azul, que gere o Oceanário de Lisboa, José Soares dos Santos, participa também na OOC 2017.Durante
os dois dias da conferência, os países e instituições participantes
irão fazer anúncios de compromissos efetivos sobre financiamentos e
medidas a tomar em áreas como a criação de zonas marinhas protegidas,
combate às alterações climáticas, sustentabilidade das pescas, combate à
poluição marinha, segurança marítima e economia azul (atividades
económicas ligadas à utilização de recursos marinhos).Sobre a
criação de zonas protegidas, a UE pede aos participantes compromissos
financeiros e técnicos para a criação de redes regionais de parques
marinhos, tendo como objetivo global a proteção de 10% dos oceanos,
entre zonas costeiras e de alto mar, até 2020.Dados da União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) indicam que as áreas
marinhas protegidas por lei representam apenas 4% da superfície
oceânica e que, dessas, menos de 1% recebem fiscalização e proteção
efetiva.No combate às alterações climáticas, a OOC 2017 pretende
que os países, instituições e empresas participantes assumam
compromissos específicos sobre projetos de adaptação de comunidades
costeiras à subida do nível dos oceanos.Na gestão de recursos
pesqueiros - considerando que cerca de mil milhões de pessoas, sobretudo
em países em desenvolvimento, dependem de produtos marinhos como fonte
primária de proteínas, que a má gestão das pescas já resultou no
desaparecimento de cerca de 90% dos 'stocks' das maiores espécies com
valor comercial e que a pesca ilegal ou sem regulação representa 15% do
total de capturas a nível mundial -, a UE quer que da conferência de
Malta saia um reforço das iniciativas de gestão sustentável, com uma
visão de longo prazo e numa abordagem que tenha em conta a complexidade
dos ecossistemas e não apenas a gestão de espécies isoladas.A
poluição nos oceanos, especialmente a crescente quantidade de plástico à
deriva e que acaba por contaminar a cadeia alimentar, está a ser
considerada como um problema alarmante e a UE pede aos participantes na
Our Ocean 20017 compromissos claros nas áreas da redução e reciclagem de
resíduos e limpeza de águas costeiras.Com 90% do comércio
mundial a circular através dos oceanos, o desafio lançado pela OOC 2017
na área da segurança marítima - englobando questões como poluição,
migrações, pirataria e conflitos armados - é o da definição de passos
concretos para a criação de um quadro global de regulamentação e de
responsabilidades partilhadas na aplicação dessa regulamentação em todos
os oceanos.E na área da economia azul sustentável - com a
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico a estimar em
1,3 biliões de euros a riqueza mundial gerada atualmente por atividades
ligadas aos oceanos, valor que poderá duplicar até 2030 - a OOC 2017 irá
apelar a governos, empresas e organizações da sociedade civil para que a
exploração do potencial da economia azul - desde as energias
renováveis, à biotecnologia, turismo ou recursos minerais dos fundos
marinhos - seja feita de modo sustentável e inclusivo.A
conferência em Malta é a quarta das conferências Our Ocean, depois da
reunião inaugural em 2014 em Washington, a que se seguiu Valparaíso,
Chile, em 2015 e de novo Washington em 2016.