Unesco diz que escassez de água deve ser enfrentada com soluções da natureza
19 de mar. de 2018, 16:09
— Lusa/AO online
"Necessitamos
de novas soluções de gestão dos recursos hídricos para enfrentar novos
desafios relacionados com a segurança da água, devido ao crescimento
demográfico e às alterações climáticas", apontou a diretora-geral da
Unesco, Audrey Azoulay, citada numa informação hoje divulgada.A
propósito do Fórum Mundial da Água, que começou hoje em Brasília, no
Brasil, a Unesco preparou uma informação que propõe soluções baseadas na
natureza para melhorar a gestão da água, tema que a responsável
considera um "desafio maior", que deve ter uma abordagem conjunta para
impedir eventuais "conflitos" relacionados com a falta deste recurso."Se
não atuarmos, até 2050 cerca de cinco mil milhões de pessoas vão viver
em zonas com escassez de água", uma preocupação que será um dos focos do
Fórum Mundial da Água.Segundo
a Unesco, a procura de água no planeta "multiplicou-se por seis" nos
últimos 100 anos e cresce a um ritmo de 1% em função do crescimento da
população, do desenvolvimento económico e dos padrões de consumo.A
organização defende que a população mundial, atualmente de 7,7 mil
milhões de pessoas, será, em 2050, de 9,4 a 10,2 mil milhões, mais de
60% das quais concentradas nas cidades.Embora
com "grandes diferenças" entre os países, a Unesco calcula que o
Produto Interno Bruto (PIB) global "aumentará 2,5 vezes" e que a procura
mundial de produtos agrícolas e de eletricidade subirá entre 60% e 80%
em 2050, tendo em conta as alterações climáticas.
A Unesco identifica como problema adicional o facto de a procura para a
agricultura representar "70% das extrações de água mundial" e refere
que, com base nas variações próprias desta atividade - relacionadas com
os solos e as condições meteorológicas -, o comportamento da procura
anual no setor está "cheio de incertezas".Na
indústria, que inclui a produção e distribuição de energia, que consome
cerca de 20% da água, a organização prevê que a procura possa aumentar
até oito vezes até 2050.A
Unesco defende a adoção das chamadas Soluções Baseadas na Natureza, um
conceito centrado na promoção de uma "infraestrutura verde", em oposição
à "infraestrutura cinzenta" da urbanização e do cimento.Além
de várias práticas que podem ser adaptadas na agricultura, a
organização propõe alternativas para as cidades, como aquelas da
"engenharia ecológica", com modelos que ajudam a preservar a água e o
ambiente.Entre
os exemplos, estão as fachadas de edifícios cobertas de plantas ou os
telhados com jardins. Recomenda formas "naturais" de reciclar e recolher
a água, assim como a criação de depósitos para alimentar os lençóis
freáticos e proteger as bacias hidrográficas que alimentam as cidades.
"Durante muito tempo, o mundo recorreu em primeiro lugar a
infraestruturas construídas ou 'cinzentas' para melhorar a gestão dos
recursos hídricos" e, frequentemente deixou de lado o conhecimento
tradicional que "adota abordagens mais ecológicas", defende.