Uma década de desentendimentos entre os movimentos palestinianos Fatah e Hamas
12 de out. de 2017, 14:58
— Lusa/AO online
Resumo da relação conflituosa: A
25 de janeiro de 2006, o Hamas, que participa pela primeira vez em
eleições, vence as legislativas, após 10 anos de hegemonia da Fatah.O
Conselho Legislativo Palestiniano (CLP, parlamento) cessante tinha sido
eleito em 1996, dois anos após a criação da Autoridade Palestiniana.A
28 de março, o governo de Ismail Haniyeh (Hamas) toma posse e os
postos-chave são confiados a dirigentes do movimento islamita. Em
janeiro-fevereiro de 2007 e em maio, confrontos mortíferos opõem os
partidários da Fatah, secular e moderada, e do Hamas, radical islâmico.A
14 de junho, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas,
demite o governo Haniyeh, após uma semana de violência e proclama o
estado de emergência em Gaza.No dia seguinte, o Hamas derrota as forças fiéis à Fatah no enclave e Mahmud Abbas denuncia um golpe de Estado militar.Em resposta à chegada ao poder do Hamas, Israel reforça o bloqueio à faixa de Gaza. A
27 de abril de 2011, um acordo prevendo um governo transitório que
deveria organizar eleições é assinado pela Fatah e pelo Hamas e, em
maio, é subscrito pelo conjunto dos movimentos palestinianos. Mas os
prazos são constantemente adiados.A 07 de janeiro de 2012, os
dois movimentos assinam um acordo sobre a libertação dos detidos. A 06
de fevereiro acordam entregar a Abbas a direção do governo transitório,
mas a decisão contestada no seio do Hamas nunca é aplicada.A 23
de abril de 2014, a Organização de Libertação da Palestina (OLP),
dominada pela Fatah, e o Hamas assinam um acordo de reconciliação. Em
junho é constituído um governo de unidade, composto por tecnocratas
apoiados pelos dois partidos.Mas o governo revela-se incapaz de
exercer a sua autoridade em Gaza e Abbas acusa o Hamas de manter um
“governo paralelo” no enclave.O governo de união nacional fracassa alguns meses mais tarde. A
01 de maio de 2017, o Hamas anuncia a suavização do seu estatuto
fundador. Precisa realizar um combate “político” e não “religioso” com
Israel e aceita a ideia de um futuro Estado palestiniano limitado à
Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza.A 06 de maio, Haniyeh,
defensor no seio do Hamas de uma linha pragmática em relação a Israel, é
eleito para dirigir a comissão política do Hamas.No final de
junho, o Hamas, que procura melhorar as suas relações com o Cairo, dá
início à construção de uma zona tampão ao longo da fronteira entre a
faixa de Gaza e o Egito. Em março de 2017, o Hamas cria um
“comité administrativo”, entendido pela Fatah como um governo paralelo.
Em represália, a Autoridade Palestiniana reduz os pagamentos destinados
ao fornecimento de eletricidade aos habitantes e ao pagamento dos
salários dos funcionários em Gaza.A 17 de setembro, o Hamas
anuncia, “em resposta aos esforços (de mediação) egípcios”, a dissolução
daquele controverso conselho e apela à Fatah para se iniciarem novas
discussões de reconciliação.No dia seguinte, Abbas dá conta a Haniyeh da sua “satisfação” com o “clima de reconciliação”.Pela
primeira vez desde 2015, o governo de Rami Hamdallah desloca-se a 02 de
outubro a Gaza, onde realiza a sua primeira reunião em três anos.A
12, o Hamas e a Fatah, cujos emissários negoceiam há dois dias no
Cairo, anunciam um primeiro acordo sobre os termos concretos da sua
reconciliação.A Fatah anuncia que o presidente Abbas se deslocará nas próximas a Gaza, pela primeira vez em 10 anos.Cerca
de 3.000 polícias da Autoridade Palestiniana vão ser destacados para o
enclave, segundo um alto responsável que não quis ser identificado e que
não mencionou o prazo para tal.Abbas congratula-se com um “acordo final para acabar com as divisões”.