Uma crise política “é um cenário que não me passa pela cabeça”
UE/Presidência
4 de jan. de 2021, 12:37
— Lusa/AO Online
“Ninguém
compreende que no momento em que estamos a fazer uma luta enorme para
conter a pandemia, para tratar as pessoas que estão doentes, para evitar
mais mortes, para segurar as empresas, para segurar os empregos, para
proteger os rendimentos, alguém se ponha agora a abrir crises políticas.
É um cenário que a mim não me passa pela cabeça”, afirma o
primeiro-ministro, numa entrevista à agência Lusa, a propósito da
presidência portuguesa da União Europeia. António Costa questiona, aliás, quem poderia ter interesse em criar uma crise, considerando que quem o fizer será penalizado. “Aquilo,
aliás, que nós podemos constatar é que todos os partidos que quiseram
dificultar a aprovação do Orçamento do Estado para 2021, a fazer fé em
todas as sondagens, e não podem estar todas erradas, todos eles estão a
ser penalizados pelos portugueses”, refere. Apesar
disso, o primeiro-ministro recusa que se possa inferir que havendo uma
recuperação económica, isso se possa traduzir em ganhos de popularidade
para o Governo. “Ninguém pode dizer isso.
Nós estamos a viver uma crise de tal dimensão, de tal forma excecional,
que eu acho que nenhum governo ou nenhum agente político deve pôr-se a
fazer cálculos de como vai ser a evolução política, porque isso é
absolutamente imprevisível”, declara. Para
António Costa, o país tem vivido num quadro de estabilidade, com o
Governo a funcionar normalmente e sem “nenhuma crise à vista”. “Portanto,
acho que podemos encarar com tranquilidade aquilo que é o trabalho que
temos para desenvolver ao longo da legislatura”, destaca.E
acrescenta: “para além da pandemia, há o esforço de recuperação
económica que tem que arrancar, agora em 2021, e que tem que ser
acelerado”. Segundo o primeiro-ministro,
num contexto de dificuldade de concretização do programa de recuperação,
“qualquer descontinuidade só vai complicar a execução” do mesmo,
“porque todos os compromissos vão ter que ser assumidos até 2023”. “A
execução pode-se estender até 2026, mas os compromissos têm que ser
assumidos até 2023. Portanto, não temos aqui tempo a perder com crises
políticas, temos que nos focar muito claramente naquilo que, do nosso
ponto de vista, a nossa prioridade é muito clara: conter a pandemia,
recuperar a economia. É nisso que nos vamos centrar no próximo ano”,
conclui.