Um terço dos estudantes universitários já sofreu assédio sexual
1 de jun. de 2023, 17:48
— Lusa
Estas
são algumas das conclusões do estudo coordenado por Lara Guedes de
Pinho, professora do Departamento de Enfermagem da UÉ e investigadora do
Comprehensive Health Research Centre (CHRC) da academia alentejana.“Há
uma elevada percentagem de estudantes que refere que sofreram assédio
moral e sexual” e estes casos estão relacionados com “um maior número de
sintomas depressivos e ansiosos”, destacou hoje à agência Lusa Lara
Guedes de Pinho.Em comunicado enviado à
Lusa, a UÉ indicou que o estudo concluiu que 34,8% dos estudantes do
ensino superior consideram que já sofreram de assédio sexual e que 50,2%
dos alunos dizem que foram alvo de assédio moral.O
estudo, com uma amostra de 3.399 estudantes, foi realizado em sete
instituições de ensino superior do país, nomeadamente a UÉ, as
universidades da Madeira, dos Açores, Atlântica e Fernando Pessoa e os
politécnicos de Beja e Portalegre.Metade
dos estudantes inquiridos para este trabalho tem no máximo 20 anos,
80,5% menos de 23 anos e 7,2% mais de 30 anos, com o sexo feminino a
representar 68% da amostra.No estudo, foi
considerado assédio sexual “qualquer comportamento ou revelação, por
palavras ou ações, de natureza sexual, não pretendido pela pessoa a que
se destina e que se revela ofensivo”.Observando
que “quem sofre de assédio moral e sexual tem uma pior saúde mental”, a
investigadora do CHRC salientou que os casos relatados pelos alunos
“acontecem mais fora” das instituições de ensino superior.Segundo
os resultados, dos estudantes que indicaram já ter sido assediados
sexualmente, 91,9% dizem ter sido fora da universidade, 2,2% no espaço
da instituição e 5,6% alegam que foram assediados em ambas as situações.O
trabalho mostra que os agressores mais identificados foram o pessoal
não docente da universidade (14%), seguido do parceiro amoroso (10,5%),
colegas de trabalho (8,1%) ou colegas da universidade (7,3%).Já
os familiares representam 6,4% e os professores surgem com 2,9%,
havendo, numa análise a outros agressores, “um grande destaque” para os
desconhecidos, com 33%.De acordo com o
mesmo estudo, dos alunos universitários que indicaram já ter sido
assediados moralmente, 77,4% referem que o foram fora da universidade,
6,6% no espaço da instituição e 15,5% dizem que foram assediados em
ambas as situações.O estudo mostra que os
agressores mais identificados foram familiares (26,7%), seguido de
colegas da universidade (25,1%), colegas de trabalho (22,3%), parceiro
amoroso (14,9%), com os professores a surgirem com 11%.Neste
trabalho, entende-se por assédio moral “qualquer conduta abusiva de
natureza psicológica, frequente e intencional, através de atitudes,
gestos, palavras ou escrita que fere a integridade física ou psíquica”. Nas
declarações à Lusa, a coordenadora do estudo explicou que este trabalho
teve como foco a saúde mental dos estudantes do ensino superior,
sustentando que “após a pandemia [da covid-19] a saúde mental dos
estudantes agravou-se”.O estudo “incluiu
também algumas variáveis como estas do assédio moral e sexual para
percebermos se afetava ou não a saúde mental dos estudantes de forma
significativa”, acrescentou.