Um terço das crianças sem acesso gratuito a fruta ou hortícolas na escola
27 de set. de 2023, 15:04
— Lusa
A
conclusão resulta de um estudo realizado pelo Instituto de Saúde
Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em
parceria com a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil
(APCOI).Dos 21.773 alunos inquiridos, de
entre 2 e 13 anos e de 586 escolas que aderiram à iniciativa de edução
alimentar “Heróis da Fruta”, cerca de 35% não tiveram acesso a frutas ou
hortícolas distribuídas gratuitamente na escola.Há
zonas do país onde a falta de acesso gratuito a estes alimentos é mais
premente, sobretudo Portalegre, distrito onde fruta e hortícolas foram
distribuídas gratuitamente a apenas 13,3% das turmas.Por
outro lado, em zonas como a Madeira, Braga e Viseu, a esmagadora
maioria dos alunos (mais de 80%) teve acesso de forma gratuita.Ainda
assim, Raquel Martins, nutricionista e investigadora do ISAMB, refere
que o acesso gratuito, apesar de promover o consumo de fruta e
hortícolas, não é determinante para o seu aumento.Exemplo
disso são as escolas do distrito de Beja, onde as crianças aumentaram
significativamente o consumo diário de frutas ou hortícolas ao longo do
ano letivo, apesar de ser também uma das regiões com menor acesso
gratuito.“Além da oferta alimentar, são
necessárias ações específicas que promovam o consumo de frutas e
hortícolas nas escolas”, defende a investigadora, citada em comunicado.É
esse o objetivo da iniciativa “Heróis da Fruta”, em que participaram
mais de 81 mil alunos no ano letivo 2022/2023, com um impacto na
melhoria dos hábitos alimentares das crianças.De
acordo com os resultados, a percentagem de alunos que levava
diariamente lanches pouco saudáveis para a escola diminuiu 54,8% entre o
início e o final do ano letivo. Por outro lado, a percentagem de
crianças que consumiu, pelo menos, uma porção de frutas ou hortícolas
diariamente na escola passou de 73,7% para 88,2%, a nível nacional, em
apenas cinco semanas.“Durante esta edição
do desafio escolar ‘Heróis da Fruta’, quase metade das crianças (48,5%)
consumiram pela primeira vez uma fruta ou legume que nunca tinham
experimentado antes”, refere ainda o relatório.Em
algumas escolas, o cenário no início e no final do ano letivo foi muito
diferente. Nos Açores, a percentagem de crianças que relataram não
comer frutas ou hortícolas diariamente na escola passou de 40,8% para
6,6%. Também em Évora e Vila Real houve uma redução de 20 pontos
percentuais, enquanto em Beja a diferença foi de 10 pontos.Entre
as 698 turmas que tiveram acesso a frutas ou hortícolas distribuídas
gratuitamente na escola, a maioria recorreu ao Regime Europeu de Fruta
Escolar.Houve ainda escolas a recorrer a
verbas próprias ou da associação de pais, outras que beneficiaram do
banco alimentar local ou do apoio direto por parte das autarquias.Segundo
o presidente da APCOI, a iniciativa “Heróis da Fruta” contribuiu para
melhorar os hábitos alimentares de mais de 660 mil crianças, desde 2011.“Na
última edição, o projeto ‘Heróis da Fruta’ registou um recorde de
participação com mais de 80 mil alunos e chegou a 70% dos municípios
portugueses. Este ano letivo queremos levar a iniciativa ainda mais
longe”, defendeu Mário Silva.