Um em cada seis portugueses com mais de 50 anos vive com insegurança alimentar
11 de set. de 2019, 08:15
— Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, a investigadora
Isabel Maia explicou que o estudo, publicado na revista Food and
Nutrition Bulletin, visava compreender a "prevalência e os
determinantes" da insegurança alimentar, assim como "as suas
consequências". A insegurança alimentar
pode descrever-se como o "acesso limitado" ou "incerto", devido a
restrições económicas, a alimentos nutricionalmente adequados para uma
alimentação saudável e diária.Para
determinar este índice, os investigadores recorreram a dados da coorte
EPIPorto (um estudo populacional do ISPUP que avalia há 20 anos, os
determinantes de saúde da população adulta que reside no Porto), sendo
que nesta investigação participaram 604 indivíduos, com idades entre os
50 e 90 anos. "Aquilo que pretendemos
estudar foi este período do ciclo de vida em que é a meia-idade e os
adultos idosos, ou seja, quisemos perceber o quão suscetíveis estavam em
insegurança alimentar num período caracterizado pela melhoria de alguns
indicadores sociodemográficos, como a taxa de desemprego, ou seja, um
período de recuperação da crise económica que Portugal atravessou",
avançou. Segundo a investigadora, este
estudo permitiu concluir, com base numa "série de questões", que 16,6%
dos indivíduos pertenciam a um agregado familiar em que existia
insegurança alimentar. Além desta
prevalência, os investigadores também analisaram quais as
"características sociodemográficas" que mais se associavam ou estavam
relacionadas com a insegurança alimentar. "Aquilo
que nós verificámos foi que as mulheres, os indivíduos que tinham menor
escolaridade, os que não eram casados, os indivíduos que tinham uma
perceção do rendimento do agregado familiar como insuficiente e aqueles
com profissões menos qualificadas apresentavam maior risco de
insegurança alimentar", salientou. À Lusa,
Isabel Maia disse que esta investigação poderá ser bastante
"importante", uma vez que, ao evidenciar quais são as populações mais
vulneráveis à insegurança alimentar, pode servir de suporte científico
para decidir estratégias. "Realçamos que
são necessárias medidas para que possamos melhorar o estado de segurança
alimentar dos indivíduos face aos números que foram encontrados neste
estudo", concluiu. A investigadora
adiantou ainda que o objetivo do grupo passa agora por "continuar a
estudar a insegurança alimentar", nomeadamente quais as suas
consequências e qual a sua prevalência nas crianças.