‘Um caso positivo no Corvo poderá ser uma situação dramática’
Covid-19
30 de mar. de 2020, 08:54
— Susete Rodrigues/AO Online
Na mais pequena ilha dos Açores a população acompanha a
situação do novo coronavírus com muita atenção e tem seguido todas as
medidas anunciadas pela Autoridade de Saúde Regional e pelo estado de
emergência.José Manuel Silva, presidente da Câmara Municipal do
Corvo, refere que desde cedo que a Comissão Municipal de Proteção Civil
tomou algumas providências: “Fechámos logo os cafés e os restaurantes, o
comércio reduziu o seu horário e limitámos o acesso ao interior dos
estabelecimentos. Só é permitido quatro pessoas nos dois maiores
comércios da ilha, duas pessoas nos restantes, a farmácia e a padaria só
permite uma pessoa de cada vez e as pessoas têm respeitado. Só saem
para o que é indispensável e depois regressam a casa”. A população
do Corvo vê esta situação com “alguma apreensão. Obviamente que um caso
positivo na ilha do Corvo poderá ser o despoletar de uma situação
dramática dada à nossa proximidade. Estamos todos aqui à volta, as casas
são muito próximas umas da outras, não há hipótese de irmos a outra
padaria porque só existe uma”, afirmou o autarca sublinhando que as
“recomendações são para que fiquem em casa, principalmente os idosos” e,
nessa matéria, a autarquia teve o cuidado “de alertar as pessoas com
filhos para que não deixassem as crianças em casa dos avós”. Já com o
encerramento da escola, “encerrámos também alguns espaços em que as
crianças poderiam ir como o pavilhão, o parque infantil e a praia”. O
Corvo tem três pessoas em vigilância ativa pela Autoridade de Saúde
Regional e “estão em isolamento em casa.São três pessoas que passaram
por Lisboa e tiveram todo o cuidado quando cá chegaram. Na próxima
segunda-feira faz duas semanas que essas pessoas chegaram à ilha e até
ao momento nenhuma delas tem sintomas”, refere José Manuel Silva.Há
mais de uma semana que ninguém entra ou sai da ilha, mas ainda assim, o
autarca teme que os “voos comerciais de passageiros regressam e a
importação de algum caso se possa alastrar aqui à ilha. Enquanto
estivermos sem passageiros penso que estamos seguros, mas temos algumas
pessoas fora. Já estavam antes dessa situação começar, estavam em
consultas médicas em outras ilhas e foram apanhados com estas medidas”.
Nesse sentido, José Manuel Silva deixa um alerta para que haja bom
senso, pese embora perceber que queiram voltar à sua ilha: “Percebo que
seja complicado e que cause transtorno, mas nesta altura temos que
pensar nos mais ou menos 400 habitantes que cá estão. Toda essa
situação é má, todos os casos positivos nos Açores são maus, mas um caso
positivo no Corvo seria muito mau”.