Um ano depois da tragédia, Chapecoense ainda tenta regressar à normalidade
28 de nov. de 2017, 10:34
— Lusa/AO online
A
28 de novembro de 2016, a equipa brasileira viajava para Medellín, onde
iria defrontar os colombianos do Atlético Nacional na final da Taça
Sul-Americana, quando o voo 2933 da companhia privada LaMia se despenhou
já perto do aeroporto. A
falta de combustível foi a causa da queda do avião, do qual
sobreviveram seis dos 77 ocupantes, três jogadores, dois tripulantes e
um jornalista.O
acidente ‘decapitou’ o clube do sul do Brasil, no seu momento mais
brilhante, e desencadeou uma ‘onda’ de solidariedade que levou a
Chapecoense a disputar vários jogos particulares, um pouco por todo o
mundo, depois de erguer a Taça Sul-Americana, a título honorário e a
pedido do finalista Atlético Nacional.Da
equipa orientada por Caio Júnior, antigo avançado que jogou em
Portugal, resiste apenas Alan Ruschel, um dos três sobreviventes do
plantel, juntamente com o guarda-redes Jackon Follmann, que ficou sem a
perna direita, e Neto, que ainda está em processo de recuperação.Depois
do primeiro jogo oficial, no qual a malograda equipa foi homenageada
com a presença das famílias, um dos momentos mais marcantes da época
ocorreu em agosto último, em Camp Nou, com o regresso aos relvados de
Alan Ruschel, antes de voltar aos jogos oficiais.O
esforço do novo presidente do clube de Chapecó, Plínio Filho, em
regressar rapidamente à normalidade é contestado pelas famílias das
vítimas, que lamentam a falta de memória pelos mortos, mas acabou por
ser recompensado com a manutenção no ‘Brasileirão’.A
equipa totalmente renovada, sob o comando do técnico Vagner Mancini,
conquistou o regional de Santa Catarina, mas foi eliminada da Taça dos
Libertadores, na estreia na principal prova sul-americana de clubes, por
utilização irregular do central Luiz Otávio.O
clube liderou o campeonato brasileiro nas primeiras jornadas, mas
acabou por 'cair' na tabela e provocar a saída do treinador, que foi
substituído por Vinicius Eutrópio, em julho.O
ex-treinador do Estoril-Praia esteve pouco tempo no cargo, sendo
substituído interinamente por Cris Emerson, até à entrada em funções de
Gilson Kleina, que assegurou a permanência no 'Brasileirão'.Só
com a manutenção assegurada, já este mês, os adeptos do clube voltaram a
ter motivos para festejar no estádio Arena Condá, na cidade Chapecó, no
estado de Santa Catarina e entoar cânticos como "Vamos, vamos, vamos,
Chape".Fora do
recinto de jogo, prosseguem as investigações, tendo sido recentemente
divulgada a informação de que o avião não pertenceria à LaMia, mas ao
ex-senador venezuelano Ricardo Albacete.As
famílias das vítimas lamentam o atraso nas indemnizações, admitindo a
dificuldade em encontrar responsáveis, uma vez que a companhia aérea não
detinha um seguro válido.Em
outubro, a Chapecoense anunciou a entrega de 11.010 reais (cerca de
2.870 euros) a cada uma das 68 famílias das vítimas do acidente,
montante angariado com os jogos particulares, ficando a outra metade das
receitas aplicada na "ajuda da recuperação do clube".Ainda
fora dos relvados, em agosto, o novo plantel, Jackson Follmann e Alan
Ruschel foram abençoados em Roma pelo Papa Francisco, que poucos dias
após o acidente recebeu uma camisola com o número 71, numa alusão ao
total de vítimas (19 futebolistas, 25 elementos do ‘staff’, 20
jornalistas e sete tripulantes).