Autor: Lusa/AO Online
Um ano depois, ainda não há acusação ou arquivamento do processo que envolve o jovem condutor, disse à agência Lusa fonte judicial.
O acidente, ocorrido por volta das 04:00 de 02 de maio de 2015, um sábado, provocou a morte de cinco peregrinos provenientes de Mortágua, distrito de Viseu, na localidade de Cernache, Coimbra, após o automóvel se ter despistado à saída de uma curva e invadido a faixa contrária onde seguiam, a pé, cerca de 80 pessoas.
As cinco vítimas mortais do grupo de peregrinos tinham entre os 17 e os 69 anos.
O carro atropelou os peregrinos precisamente numa zona de bermas estreitas, onde o trânsito automóvel está reduzido a duas vias devido à criação de uma faixa de segurança para possibilitar a circulação de peregrinos.
Dois dias após o acidente, o Tribunal de Instrução Criminal de Coimbra decidiu aplicar as medidas de coação de suspensão de atividade de condução e de apresentações semanais às autoridades ao condutor.
Na altura, os órgãos de comunicação Jornal de Notícias e Diário de Coimbra noticiaram que o jovem estava alcoolizado, apresentando uma taxa de álcool de 1,0 g/l e que também tinha sido detetada a presença de canabinoides.
Face à morte de cinco pessoas, a autarquia de Mortágua decretou três dias de luto municipal.
No último dia de luto, foram realizados os funerais dos peregrinos, com milhares de pessoas a deslocarem-se ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Mortágua para participarem na cerimónia de despedida de quatro das cinco vítimas.
Durante a homilia, o vigário-geral da Diocese de Coimbra, Pedro Miranda, pediu a todos que rezassem também para que o condutor do automóvel tenha um "arrependimento sincero".
"Rezo também para que aquilo que a justiça humana venha a determinar possa ser para ele uma oportunidade de verdadeira redenção, reabilitação e cura", acrescentou, durante a cerimónia.
A 11 de maio, foi a vez do Santuário de Fátima recordar os peregrinos falecidos, pedindo aos fiéis orações pelos familiares das vítimas e que não caiam "em julgamentos ou lamentos infecundos".
Na reação ao acidente, o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviário (ANSR) considerou que deviam existir caminhos paralelos dedicados aos peregrinos que vão a pé para Fátima, mas admitiu que é impossível construi-los em todo o país.
Um ano depois, para além de não haver despacho final, a solução para a maioria dos peregrinos continua a ser o caminho pela estrada nacional.