Um ano após a eleição, Donald Trump quebrou quase todas as regras
7 de nov. de 2017, 09:37
— Lusa/AO Online
Donald Trump, um
homem de negócios multimilionário nova-iorquino de 71 anos, ascendeu ao
cargo de Presidente do país mais poderoso do planeta graças a um
discurso contra as elites, prometendo fazer voltar a América à sua
antiga glória.No
entanto, tem sentido grandes dificuldades para pôr em prática as
reformas anunciadas, muitas delas tão contestadas pelos adversários
democratas como pelos supostos aliados republicanos.Assim,
Donald Trump dá muitas vezes a impressão de ainda vestir o fato de
candidato presidencial (recordando os números com que derrotou a
candidata democrata, Hillary Clinton, ou insistindo em múltiplas
presenças em comícios).Não
é só o próprio Trump a colocar a campanha presidencial na ordem do dia.
As alegações de interferência russa (e conluio de alguns dos seus
assessores e familiares próximos com o governo russo) com vista a
elegê-lo também pairam, um ano depois da eleição, como uma nuvem tóxica
sobre a Casa Branca.Todas
as semanas há novos dados da investigação do procurador-especial Robert
Mueller ao alegado favorecimento da Rússia a Trump, surgindo agora as
primeiras acusações formais ao seu antigo chefe de campanha, Paul
Manafort.A
rajada de tweets que dispara (quase) todas as manhãs, muitos deles com
um tom revanchista e vingativo, acresce à dificuldade que o público
norte-americano e mundial sente em vê-lo como um homem em pleno
exercício do poder.Tanto
os aliados como os adversários dos Estados Unidos se interrogam acerca
do real valor político das mensagens divulgadas pelo utilizador
@realDonaldTrump.Um
ano depois da sua eleição e dez meses após a tomada de posse, Trump é o
Presidente com a menor taxa de popularidade na história moderna dos
Estados Unidos.A
mais recente sondagem Gallup indica que a sua popularidade está nos
níveis mais baixos desde que assumiu funções, nos 33%. Uma percentagem
de longe mais baixa do que os cinco últimos antecessores - democratas ou
republicanos – pela mesma altura do primeiro mandato.Trump
tem feito um esforço por marcar a diferença para o anterior Presidente,
o democrata Barack Obama, tentando constantemente revogar a legislação
aprovada nos seus mandatos. O
novo Presidente também dirige as suas mensagens ao que considera ser a
América “esquecida”, a população branca mais afetada economicamente pela
globalização e que, em última análise, o levou ao poder.Trump,
que se considera um mestre na “arte da negociação”, tem sentido grandes
dificuldades em mostrar qualidades nesse ponto ao lidar com o Congresso
norte-americano.Apesar
de as duas câmaras (Câmara dos Representantes e Senado) estarem nas
mãos do partido que o apoia, os Republicanos, Trump tem visto as suas
principais medidas políticas bloqueadas, da imigração à revogação do
sistema de saúde pública impulsionada por Obama, conhecido por
Obamacare.Os
alvos do Presidente são muitos e variados: os líderes republicanos no
Senado, os juízes, as agências de espionagem e informações, as vítimas
de ataques da extrema-direita, os jogadores de futebol norte-americano
ou autarcas de zonas devastadas de Porto Rico. E o alvo é recorrente: os
media “fake news”, os jornais e televisões “mainstream” que noticiam os
seus deslizes."Ele
está em guerra com quase todo o mundo (…). A cada semana ele apresenta
um novo inimigo aos americanos”, realçou o professor Julian Zelizer, da
Universidade de Princeton.Dois
senadores republicanos preferiram mesmo denunciar um Presidente que
prefere as “verdades alternativas”, considerando-o um "perigo para a
democracia"."As
palavras e os atos de Trump poderão ter um impacto enorme sobre uma das
instituições mais importantes da democracia [norte-americana]. O maior
perigo talvez seja que as pessoas deixem de ficar chocadas com o que
quer que seja”, concluiu Julian Zelizer.