UE tenta acordo com Pequim sobre segurança de produtos “Made in China”
Covid-19
13 de nov. de 2020, 11:30
— Lusa/AO Online
“Durante a pandemia, verificámos
diferentes problemas com mercadorias vindas do estrangeiro, nomeadamente
devido à qualidade de certos equipamentos de proteção […], como
máscaras, [pelo que] entrei em contacto as autoridades alfandegárias
chinesas para haver uma cooperação entre a China e a Europa”, afirmou o
comissário europeu da Justiça, Didier Reynders, em entrevista à agência
Lusa e três outros meios de comunicação social europeus, em Bruxelas.Nesta
entrevista sobre a “Nova Agenda do Consumidor”, hoje apresentada pela
Comissão Europeia, o responsável por esta tutela apontou que a UE também
está a “discutir com as autoridades chinesas como é possível detetar
fraude e abusos relativamente a certos produtos e de o parar o mais
antecipadamente possível”.E garantiu que Pequim “está aberto a debater isto” e que tem “intenção de avançar” com mudanças nos seus procedimentos.“Não
digo que farão o mesmo que fazemos na Europa, mas há uma intenção de
detetar os casos ainda na China e de enviar produtos com melhor
qualidade para a UE”, acrescentou Didier Reynders.Até porque, argumentou, “há interesse do lado chinês de garantir que se está a enviar para a UE produtos cada vez mais seguros”.A
“Nova Agenda do Consumidor”, hoje divulgada, estabelece a visão para a
política dos consumidores da UE de 2020 a 2025, visando assegurar maior
proteção e salvaguarda dos cidadãos em compras e outro tipo de serviços
no espaço comunitário.Este pacote de
medidas tem em conta as lições tiradas da crise da covid-19, que levou
ao aumento da fraude e das práticas comerciais abusivas.Previsto
está, então, “um plano de ação com a China para reforçar a cooperação
em matéria de segurança dos produtos vendidos ‘online’”, que deverá ser
concretizado em 2021.“Queremos desenvolver
uma verdadeira cooperação [com a China] e trocar informação para
verificar como é possível assegurar a segurança dos produtos”, insistiu
Didier Reynders na entrevista a estes ‘media’ europeus, incluindo a
Lusa.A China é um dos principais parceiros comerciais da UE e também um dos principais mercados eletrónicos fora da Europa.Em
2019, mais do que metade (64%) dos alertas do sistema de alerta rápido
da UE para produtos inseguros (Rapex) diziam respeito a mercadorias
fabricadas fora do espaço económico europeu, frequentemente na China.Nesta
“Nova Agenda do Consumidor”, a UE quer também melhorias no mercado
europeu, pretendendo criar etiquetas de “informação correta aos
consumidores”, apostar no “aumento da vida dos produtos com a inclusão
do direito à reparação” e ainda criar incentivos para as empresas
trabalharem com materiais mais ‘verdes.