UE solidária com povo bielorrusso e contra impunidade
19 de ago. de 2020, 16:24
— Lusa/AO online
No
final de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da
UE realizada por videoconferência, o presidente do Conselho, Charles
Michel, disse em conferência de imprensa em Bruxelas que a mensagem
“muito forte e unida” dos 27 para Minsk é “muito clara: a UE está
solidária com o povo na Bielorrússia e não aceita a impunidade”, pelo
que vai adotar “em breve” sanções contra “um número substancial de
indivíduos responsáveis pela violência, repressão e fraude eleitoral”.“Estas
eleições não foram nem livres nem justas. Não reconhecemos os
resultados apresentados pelas autoridades bielorrussas. O povo da
Bielorrússia merece melhor”, declarou Charles Michel, que insistiu na
necessidade de ser lançado um “diálogo nacional inclusivo” com vista a
uma solução pacífica e democrática para a transição de poder.Questionado
sobre a sua conversa telefónica na terça-feira com o Presidente russo,
Vladimir Putin, o presidente do Conselho Europeu indicou que lhe
transmitiu “a convicção europeia de que é importante um diálogo nacional
inclusivo” imune a “interferências externas negativas”. Charles
Michel comentou a propósito que o povo bielorrusso está a ir para as
ruas por uma questão que é "acima de tudo nacional". "Os protestos não
são sobre geopolítica", observou.Por seu
lado, a presidente da Comissão Europeia, que também participou na
videoconferência de imprensa, sublinhou que a UE está “ao lado do povo
da Bielorrússia” e adiantou que vai redirecionar fundos das autoridades
para o povo, anunciando um apoio de 53 milhões de euros.Ursula
von der Leyen especificou que, deste pacote de ajuda ao povo da
Bielorrússia, 2 milhões de euros destinam-se a “assistir as vítimas da
repressão”, 1 milhão de euros servirão “para apoiar a sociedade civil e a
imprensa independente”, e a principal ‘fatia’, de 50 milhões de euros,
serão canalizados para “apoio de emergência no quadro da covid-19 para o
setor da saúde, mas também para pequenas e médias empresas, grupos
vulneráveis e serviços sociais”.Defendendo
igualmente a necessidade de uma “transição pacífica de poder na
Bielorrússia”, Von der Leyen destacou também o “apoio unânime” dos 27 a
sanções contra os responsáveis pela “violência inaceitável” com que as
autoridades de Minsk responderam às manifestações pacíficas.A
presidente da Comissão Europeia também antecipou para breve a
elaboração da lista dos responsáveis a serem sancionados, num processo
que, insistiu, “não afetará o povo bielorrusso”.A
reunião de líderes dos 27 teve hoje lugar depois de os chefes de
diplomacia da UE terem decidido, na sexta-feira, desencadear novas
sanções contra os responsáveis pela repressão violenta das manifestações
que contestam a recondução de Alexander Lukashenko e pela
“falsificação” do ato eleitoral.A crise na
Bielorrússia foi desencadeada após as eleições de 09 de agosto, que
segundo os resultados oficiais reconduziu o presidente Alexander
Lukashenko, no poder há 26 anos, para um sexto mandato, com 80% dos
votos.A oposição denuncia a eleição como
fraudulenta e milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país
para exigir o afastamento de Lukashenko.Os
protestos têm sido duramente reprimidos pelas forças de segurança, com
quase 7.000 pessoas detidas, dezenas de feridos e pelo menos três
mortos.A candidata da oposição à
presidência, Svetlana Tikhanovskaya, refugiada na Lituânia, apelou hoje à
UE para não reconhecer o resultado das eleições."Peço
que não reconheçam estas eleições fraudulentas. Lukashenko perdeu toda a
legitimidade aos olhos da nossa nação e do mundo", disse Tikhanovskaya
em inglês num vídeo publicado no YouTube.