UE quer poder declarar emergência de saúde pública em futuros
Covid-19
11 de nov. de 2020, 18:30
— Lusa/AO Online
“Precisamos
de ter a flexibilidade para responder às crises sanitárias e, por isso,
se formos capazes […] de declarar uma situação de emergência ao nível
da UE isso iria permitir imediatamente a transferência de equipamentos, a
realização aquisições conjuntas e a implementação de medidas por parte
da Comissão”, disse a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides,
em entrevista a várias agências de notícias europeias, incluindo a Lusa.Nesta
entrevista a propósito da apresentação de um pacote de propostas para
criar uma “verdadeira União Europeia da Saúde”, em altura de pandemia de
covid-19, Stella Kyriakides defendeu que a declaração de situações de
emergência de saúde pública iria possibilitar “uma resposta europeia
muito mais antecipada”.“Temos de ser
capazes de o fazer. As novas regras que vamos criar para uma União
Europeia da Saúde vão permitir-nos ativar o mecanismo de resposta de
emergência da UE, claro que em estreita cooperação com a OMS, mas não
dependendo da OMS”, apontou a comissária europeia.Para
a responsável, esta é uma “medida crucial”, desde logo “aprendendo com o
início da atual crise”, que demonstrou que a UE tem de “atuar
rapidamente e de forma eficaz”.Esta é uma
das propostas hoje apresentadas pela Comissão Europeia para a criação de
uma “verdadeira União Europeia da Saúde”, após as dificuldades
registadas nos últimos meses devido à covid-19, num pacote que prevê
também o reforço dos mandatos do Centro Europeu de Prevenção e Controlo
das Doenças (ECDC) e da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e ainda a
criação de uma nova autoridade para gerir futuras crises sanitárias.“Seremos
capazes de declarar uma situação de emergência, de forma conjunta a
nível europeu, e ativar os nossos mecanismos de resposta de emergência
de forma independente, mas em estreita cooperação com a OMS”, sustentou
Stella Kyriakides.A OMS declarou, em
janeiro deste ano, a covid-19 como uma emergência global de saúde
pública, sendo esta a sexta vez que a organização recorreu a tal estado
de alerta, depois de o ter feito com doenças como o ébola, a
poliomielite, a gripe A ou o vírus zika.Segundo
o regulamento da OMS, uma emergência sanitária internacional traduz-se
num “evento extraordinário que constitui um risco à saúde pública para
outros Estados por meio da disseminação internacional de doenças e
potencialmente exige uma resposta internacional coordenada”.Na
prática, isto leva a que as autoridades de saúde aumentem a sua
monitorização e controlo da doença, devendo estar alertas para a
necessidade de adotar medidas de contenção.É isto que a Comissão Europeia pretende que seja possível na UE.A
organização e a prestação de cuidados de saúde são da competência das
autoridades nacionais dos Estados-membros, pelo que à UE cabe
complementar as políticas nacionais e a coordenar respostas conjuntas,
nomeadamente através da partilha de recursos para problemas comuns, como
pandemias ou surtos.A apoiar nesta assistência aos países estão as duas agências especializadas em questões de saúde, o ECDC e a EMA.