UE prolonga Operação Sophia, mas suspende temporariamente meios navais
Migrações
27 de mar. de 2019, 13:26
— Lusa/AO Online
“Os Estados-membros
concordaram prolongar o mandato da operação Sophia por seis meses, com a
suspensão temporária dos seus meios navais, enquanto continuam a
trabalhar numa solução relacionada com o desembarque [dos migrantes
resgatados]”, declarou a porta-voz do executivo comunitário para a
Política Externa.Ressalvando que a decisão
política de suspender o destacamento dos meios navais europeus para a
costa da Líbia “acaba de ser tomada” ao nível dos embaixadores da UE, e
ainda tem de ser formalmente adotada pelo Conselho (Estados-membros) até
ao final do mês, Maja Kocijancic reconheceu que a Operação Sophia é
“uma operação marítima e que sem meios navais não poderá aplicar
efetivamente o seu mandato”.“A decisão foi
tomada pelos Estados-membros. Deixei claro que nós, incluindo a Alta
Representante [Federica Mogherini], acreditamos que sem meios navais a
operação não poderá aplicar plenamente o seu mandato”, insistiu.A
porta-voz do Serviço Europeu de Ação Externa evidenciou, contudo, que
todos os outros recursos daquela operação, prolongada até setembro de
2019, permanecerão em funcionamento, nomeadamente o treino da
guarda-costeira líbia ou o combate ao modelo de negócio dos traficantes
de pessoas naquela região.“Tomaremos
medidas para reduzir os efeitos que a suspensão [do envio de meios
navais] irá causar, mas é claro que o mandato não poderá ser aplicado
plenamente”, admitiu.Oficialmente
denominada operação EUNAVFOR MED Sophia, a missão naval da UE, lançada
em 22 de junho de 2015, visa desmantelar o modelo de negócio dos
passadores e dos traficantes de seres humanos na zona sul do
Mediterrâneo central, tendo ainda como missão o salvamento de vidas no
mar.Os navios participantes desembarcam os
migrantes resgatados em portos italianos, onde a Agência Europeia da
Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) instalou postos de registo e
identificação das pessoas.Em 21 de
dezembro, o Conselho da UE prolongou por três meses, até 31 de março, o
mandato da Operação Sophia, naquela que foi a menor das prorrogações até
à altura - a anterior, em julho de 2017, tinha sido por um ano e meio.De
acordo com a agência France-Presse, que citava uma fonte diplomática,
tratava-se de “uma extensão técnica de três meses”, com o propósito de
conferir mais tempo aos Estados-membros para encontrarem soluções para
responder à recusa do executivo populista italiano em acolher migrantes
nos seus portos.Em 19 de julho, a Comissão
Europeia tinha confirmado que Itália queria retirar-se da Operação
Sofia, deixando consequentemente de receber pessoas resgatadas no mar. Nos
últimos meses, a coligação governamental italiana, que integra a Liga
(extrema-direita) e o Movimento 5 estrelas (M5S, antissistema), tem
insistido com os seus parceiros europeus para a necessidade de existir
uma partilha de responsabilidades, fechando os seus portos à entrada de
migrantes resgatados no mar.