UE pede “respeito mútuo” e “compromissos construtivos” ao Reino Unido
Brexit
20 de mai. de 2020, 17:12
— Lusa/AO Online
O negociador do lado britânico, David Frost, enviou uma carta a Michel
Barnier solicitando que a UE altere as suas propostas que estão a ser
discutidas no âmbito das negociações para a futura parceria de Londres e
Bruxelas, particularmente no que toca aos direitos aduaneiros, isto se o
bloco comunitário quiser alcançar um acordo até ao final do ano.Em
resposta hoje enviada por carta ao seu homólogo e divulgada à imprensa
em Bruxelas, Michel Barnier indicar esta “convicto de que, com respeito
mútuo e compromissos construtivo por parte do Reino Unido em todas as
áreas e em todas as questões que estão sobre a mesa de negociações, será
possível avançar no pouco tempo disponível”.“Gostaria
de voltar a afirmar que o êxito da nossa negociação só será possível se
forem realizados progressos tangíveis e paralelos em todas as áreas de
negociação, incluindo […] o estabelecimento de condições equitativas e
de mecanismos de governação adequados, bem como de acordos de pesca
equilibrados e sustentáveis a longo prazo”, elenca o negociador-chefe da
UE.E apela: “A próxima ronda deve trazer este novo dinamismo, a fim de evitar um impasse”.Realçando
o “empenho [de Bruxelas] para garantir que o processo avance”, Michel
Barnier critica, porém, a iniciativa de David Frost, por considerar que
“uma troca de cartas sobre a substância das negociações não é
necessariamente a melhor forma de discutir pontos substanciais”.“Não
pode substituir um compromisso sério e negociações pormenorizadas e, em
particular, não gostaria que o tom adotado tivesse impacto na nossa
confiança mútua”, adianta o responsável.Na
carta endereçada a Barnier na terça-feira, Frost disse esperar que “nas
próximas semanas a UE pense novamente nas suas propostas de uma maneira
que permita encontrar um resultado rápido e construtivo”.A
missiva foi enviada cinco dias depois de uma terceira ronda de
negociações entre Londres e Bruxelas sem progressos significativos.Para
Frost, o que está em cima da mesa das negociações “não é uma relação
justa de livre comércio entre parceiros económicos próximos, mas um
acordo de qualidade relativamente baixa, acompanhado por uma vigilância
sem precedentes da UE”.As negociações
entre Londres e Bruxelas deverão ser retomadas em 01 de junho e qualquer
extensão do período previsto para a chegada a um acordo sobre o novo
relacionamento Reino Unido e UE, que termina no final de dezembro,
deverá ser pedida até 01 de julho.Contudo, esta opção já foi recusada categoricamente pelo Reino Unido.O
Reino Unido abandonou oficialmente o bloco de 27 países em 31 de
janeiro, mas permanece dentro do espaço económico e regulatório da UE
até o final do ano, durante o chamado período de transição. O
acordo de saída entre o Reino Unido e a UE permite que o prazo seja
prorrogado por dois anos, mas o governo de Boris Johnson não quer o
prolongamento para além de 31 de dezembro.Resta
apenas mais uma ronda, com início a 01 de junho, antes de as duas
partes fazerem um balanço, tendo Londres admitido no seu plano abandonar
as negociações se não tiver sido feito suficiente progresso.