UE fala em “choque” e subscreve que “vidas negras importam"
EUA/Floyd
2 de jun. de 2020, 10:53
— Lusa/AO Online
“Nós aqui na Europa, tal como as pessoas nos
Estados Unidos, estamos chocados e estupefactos com a morte de George
Floyd”, afro-americano morto durante uma operação policial em
Minneapolis, disse o Alto Representante da União Europeia para a
Política Externa, durante uma conferência de imprensa na sede da
Comissão Europeia, em Bruxelas.Defendendo
que as sociedades “devem permanecer vigilantes relativamente ao uso
excessivo de força” e “garantir que todos os incidentes são lidados de
forma rápida, eficaz e em total respeito pelo direitos humanos”, Josep
Borrell sublinhou que tal ainda é mais verdade em sociedades
democráticas, nas quais “os guardiões da ordem não devem agir de forma
desproporcionada”.Referindo-se em concreto
ao caso “muito, muito infeliz” que levou à morte do afro-americano
George Floyd, às mãos de agentes da polícia de Minneapolis, Minnesota, o
chefe da diplomacia europeia apontou que se tratou obviamente de um
“abuso de poder” por parte das forças policiais, que “deve ser combatido
nos Estados Unidos e em todo o lado”.Expressando
o apoio da União Europeia ao “direito a protestos pacíficos” e
condenando “todos os atos de violência e de racismo, de qualquer tipo”, o
Alto Representante apelou à contenção de todas as partes para reduzir o
clima de grande tensão a que se assiste hoje nos Estados Unidos.“Acreditamos na capacidade dos norte-americanos de se reunificarem e de se curarem como uma nação”, declarou.A
concluir, sublinhou o princípio de que “todas as vidas importam, e as
vidas negras também importam”, recorrendo ao ‘slongan’ que tem marcado
as manifestações dos últimos dias nos Estados Unidos de protesto contra a
violência e racismo policial.George
Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em
Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado
o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de
detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.Desde
a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os
protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades
norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.Pelo
menos quatro mil pessoas foram detidas e o recolher obrigatório foi
imposto em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, mas
diversos comentários do Presidente norte-americano, Donald Trump, contra
os manifestantes têm intensificado os protestos.Os
quatro polícias envolvidos no incidente foram despedidos, e o agente
Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi detido,
acusado de assassínio em terceiro grau e de homicídio involuntário.A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.