UE acusa Kremlin de hipocrisia e diz que cessar-fogo não é credível
Ucrânia
6 de jan. de 2023, 18:17
— Lusa/AO Online
Em
declarações à imprensa à margem de uma visita a Marrocos, o Alto
Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, questionado
sobre o cessar-fogo de 36 horas decretado por Putin por ocasião do Natal
ortodoxo, respondeu que o mesmo "não é credível", considerando que se
trata antes de uma tentativa de "ganhar tempo para reagrupar as suas
tropas" e de "restaurar a sua reputação internacional, gravemente
afetada"."O Kremlin não tem qualquer
credibilidade e esta declaração de desejo de um cessar-fogo unilateral
não é credível. O que nos ocorre a todos é ceticismo, face a tanta
hipocrisia" das autoridades russas, declarou Borrell à margem de uma
visita à localidade marroquina de Fez, citado por agências noticiosas
internacionais.Na quinta-feira, Putin
decretou que as tropas russas a combater na Ucrânia observassem um
cessar-fogo de 36 horas, entre o meio-dia de 06 de janeiro e a
meia-noite de 07 de janeiro, correspondendo a um apelo do patriarca da
igreja ortodoxa russa, Cirilo.Horas
depois, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de
tentar "usar o Natal como disfarce" para deter o avanço do Exército
ucraniano e reagrupar as suas tropas, tendo vários outros líderes
mundiais desvalorizado igualmente o anúncio de um cessar-fogo, como foi o
caso do Presidente norte-americano, Joe Biden, segundo o qual Putin
está a tentar "ganhar fôlego"."Ele (Putin)
esteve pronto para bombardear hospitais, creches e igrejas (...) em 25
de dezembro e no Ano Novo (...) Acho que está a tentar ganhar fôlego",
disse Biden.Depois de a chefe da
diplomacia alemã, Annalena Baerbock, ter desvalorizado igualmente o
anúncio do Presidente russo, comentando que "se Putin quisesse a paz,
retiraria os seus soldados para casa e a guerra acabaria", também o
ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, desvalorizou
hoje o cessar-fogo de 36 horas anunciado por Putin, comentando que
Moscovo deveria ordenar um "cessar-fogo definitivo e retirar as suas
tropas"."É difícil olhar para esta decisão
de fazer um cessar-fogo de 36 horas como outra coisa que não um
exercício de cinismo e uma manobra tática para ganhar tempo e para
procurar impressionar a opinião pública internacional", afirmou, em
declarações à agência Lusa à margem do seminário anual do Instituto
Camões, em Lisboa.A ofensiva militar russa
foi lançada a 24 de fevereiro do ano passado para, segundo Putin,
"desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.A
invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional,
que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à
Rússia de sanções políticas e económicas.A
ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis
mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém
dos reais.