Ucrânia pede ao Irão as caixas negras do avião ucraniano abatido em Teerão
15 de jan. de 2020, 14:43
— Lusa/AO Online
"O
gabinete do procurador-geral e o SBU dirigiram-se às autoridades
competentes da República Islâmica do Irão para solicitar assistência
jurídica relacionada à entrega das caixas negras (...) às agências
responsáveis pelo cumprimento da lei na Ucrânia", assinalou a
instituição numa mensagem através do serviço de mensagens instantâneas
Telegram.A mesma fonte também indicou que
está a tomar todas as medidas para "garantir a descodificação adequada
das caixas negras e preservar as provas" recolhidas durante o processo
de investigação.Os 45 especialistas
ucranianos que trabalham nas investigações já tiveram acesso às caixas
negras, no entanto, agora é necessário decifrá-las corretamente e o Irão
não possui a tecnologia apropriada. O
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy e o seu homólogo francês,
Emmanuel Macron, concordaram no passado dia 11 que especialistas
franceses vão participar neste trabalho. Os
dois líderes abordaram esta questão no mesmo dia em que o Irão admitiu
que tinha abatido "involuntariamente e por erro humano" o Boeing 737 ao
confundi-lo com um míssil de cruzeiro, devido à situação de alerta no
país na sequência da escalada de tensão com os Estados Unidos.Kiev
quer agora determinar se a queda do avião foi realmente devido a um
"erro humano" ou se foi "intencional", explicou na terça-feira Andriy
Yermak, conselheiro do Presidente da Ucrânia, segundo a agência de
notícias ucraniana UNIAN. Yermak
reconheceu que a Ucrânia está a avaliar se leva a queda do avião
ucraniano ao Conselho de Segurança da ONU, mas salientou que primeiro
pretende determinar se o aparelho aéreo foi "deliberadamente atacado ou
não".Os ministros dos Negócios
Estrangeiros dos países com vítimas vão reunir-se na quinta-feira em
Londres para coordenar as suas ações. Dois
dias após a queda do Boeing 737-800, que cobria a rota Teerão-Kiev, a
08 de janeiro, as autoridades iranianas anunciaram que o avião foi
abatido acidentalmente por um míssil iraniano.A primeira versão das autoridades dava conta de que a queda do avião tinha sido provocada por problemas técnicos.O
abate do avião, que matou as 176 pessoas a bordo, a maioria iranianas e
canadianas, gerou uma onda de descontentamento popular.O
Canadá, que foi o primeiro país a denunciar que o avião foi abatido por
um míssil, insistiu na necessidade dos seus especialistas também terem
acesso ao local da tragédia.Numa conversa
telefónica, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, agradeceu na
terça-feira a Zelenskiy pelos seus esforços para assegurar a
participação do Canadá nas investigações.Trudeau também pediu ajuda no diálogo com as autoridades iranianas para identificar as vítimas.