Tutela admite que modelo da rede de cuidados continuados tem de ser aperfeiçoado
24 de jan. de 2025, 12:15
— Lusa/AO Online
Em
resposta a perguntas sobre uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC)
que recomendou às ministras da Saúde e da Segurança Social que revejam o
modelo de funcionamento e financiamento da rede de cuidados
continuados, alertando que há um atraso de quase 10 anos nas metas
definidas, Ana Paula Martins disse: “Temos de aperfeiçoar o modelo”.“Rever
não só os valores, mas o próprio processo tem de ser revisto”, referiu
aos jornalistas, em Gondomar, no distrito do Porto, onde esta manhã
presidiu à inauguração da Unidade de Ambulatório Saúde Mental na
Comunidade, uma estrutura da Unidade Local de Saúde de Santo António.Ana
Paula Martins disse que “as instituições vitais [da Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados] têm de ser acauteladas”, reconhecendo
que “o modelo de financiamento tem fragilidade nos valores e nos prazos
de pagamento”.“O Governo reconhece que há
uma necessidade enorme de desenvolvimento da rede de cuidados
continuados integrados. Basta pensarmos que temos muitas pessoas nos
nossos hospitais que deviam estar na rede de cuidados de curta, média ou
longa duração. Temos mesmo de nos empenhar enquanto Governo para termos
mais respostas”, acrescentou.Na quinta-feira foi tornada pública uma auditoria do TdC para avaliar a garantia do acesso dos utentes entre 2017 e 2023.O
tribunal concluiu que os objetivos de cobertura da rede, instituída em
2006, estão por concretizar e que ainda nem foram alcançadas as metas
definidas para 2016.O relatório refere que a evolução da atividade assistencial entre 2017 e 2023 espelha uma “estagnação da capacidade instalada”.No
contraditório, a ministra da Saúde manifestou a intenção de redefinir a
organização estrutural da coordenação e gestão da RNCCI e a arquitetura
de gestão da rede, assim como as competências das atuais equipas de
referenciação hospitalar e dos cuidados de saúde primários.Quanto
à redução dos tempos de acesso e às assimetrias regionais, a ministra
alegou a importância do PRR em curso até 2026 para a expandir a rede,
mas lembra as dificuldades sentidas na concretização das ações, “com
preços de construção de edificações mais elevados como é o caso […] de
Lisboa e Vale do Tejo”.A RNCCI presta
cuidados de saúde e/ou de apoio social a pessoas em situação de
dependência e integra a Saúde e a Segurança Social, abrangendo entidades
prestadoras do Estado e do setor privado e social.No
mesmo dia, à Lusa, o presidente da Associação Nacional dos Cuidados
Continuados afirmou que esta auditoria confirma as denúncias feitas nos
últimos anos, manifestando-se sem “qualquer sinal de otimismo” sobre a
atuação do Governo nesta área.“É com
enorme satisfação que vejo neste relatório a confirmação de que eu
sempre falei verdade ao longo destes últimos anos e sempre denunciei as
situações que o tribunal elenca no seu relatório”, adiantou José
Bourdain à Lusa, no dia em que foram divulgadas as conclusões de uma
auditoria à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).