Turquia mantém acordo de cereais após retirada russa, Kremlin avisa para perigos
Ucrânia
31 de out. de 2022, 18:14
— Lusa/AO Online
“Embora
a Rússia tenha dúvidas sobre isso, porque não tem as mesmas
facilidades, nós vamos continuar os esforços para servir a humanidade”,
disse Erdogan, que, em conjunto com a com Ucrânia, Rússia e Nações
Unidas, tinham acordado, no verão passado, a exportação de 9,5 milhões
de toneladas de cereais e de outros produtos alimentares.O
Presidente turco referiu-se aos esforços da Turquia para facilitar a
chegada de cereais a países que enfrentam o risco de fome face ao
bloqueio das exportações ucranianas devido à invasão russa da Ucrânia, a
24 de fevereiro.“Com o mecanismo conjunto
que estabelecemos em Istambul, contribuímos para aliviar a crise
alimentar”, afirmou, referindo-se ao sistema estabelecido para que os
navios que saem ou chegam aos portos ucranianos sejam inspecionados na
cidade turca.As palavras de Erdogan já
tiveram resposta de Moscovo, com o Kremlin a afirmar que continuar a
aplicar para a exportação de cereais da Ucrânia em a Rússia será
“perigoso”.Segundo o porta-voz do Kremlin,
Dmitri Peskov, será perigoso e difícil continuar a aplicar o acordo de
cereais ucranianos sem Moscovo.“Nas
condições em que a Rússia fala sobre a impossibilidade de garantir a
segurança da navegação nessas áreas, esse acordo é difícil de aplicar e
toma um rumo diferente, muito mais arriscado, perigoso”, disse Peskov,
depois de interrogado sobre a possibilidade de continuar a cumprir-se o
acordo sem a Rússia.A Rússia anunciou no
domingo que suspendeu indefinidamente a participação no acordo, na
sequência dos ataques, com ‘drones’ (aparelhos voadores não tripulados),
a navios de guerra russos em Sebastopol, um porto localizado na
península ucraniana anexada da Crimeia.Nas declarações, Erdogan lembrou que a Ucrânia e a Rússia produzem um terço do trigo do mundo.Vários
navios partiram hoje de portos ucranianos com destino a Istambul,
confirmaram à agência noticiosa espanhola EFE fontes das Nações Unidas.“Há
16 navios que planeiam transitar pelo corredor marítimo humanitário.
Três já estão neste corredor”, disse Ismini Palla, porta-voz da ONU para
o Centro de Coordenação Conjunta (JCC), que também inclui Ucrânia,
Rússia e Turquia.Ainda no domingo, o JCC
indicou que 11 navios foram inspecionados nesse dia antes de adiantar
que Moscovo decidiu não participar mais nas inspeções.Para
suprir a falta de inspetores russos, o JCC propôs, com conhecimento de
Moscovo, que as delegações turcas e da ONU fornecessem 10 equipas para
inspecionar, hoje, 40 navios com autorização de saída, proposta que foi
aceite pela Ucrânia.Segundo o JCC, 112 navios de carga aguardam inspeção ao largo de Istambul.O
acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, que entrou em vigor a
01 de agosto e expira a 19 de novembro, permitiu exportar mais de 9,5
milhões de toneladas de cereais e outros géneros agrícolas, segundo o
JCC.