Turismo de Portugal quer trabalho conjunto para estender crescimento a todo o território
4 de abr. de 2018, 14:01
— Lusa/AO online
Na
sessão de abertura da 13.ª edição do Fórum de Turismo Internacional
(FIT), a preocupação de espalhar o sucesso turístico a todos os
territórios do país foi um ponto assente nos discursos dos responsáveis
pelo turismo, com o presidente do TP a destacar o Centro, Alentejo e
Açores como as regiões com maior crescimento. “Este
crescimento tem que estar em todo o território. Há um trabalho conjunto
que tem de ser desenvolvido, no ‘cycling’ e ‘walking’, criação de
roteiros e multidestinos. Há que ter um conceito de multidestinos e
pensarmos que é isso que nos vai permitir vender mais. É preciso que
exista inovação em produto e serviço em todas as regiões e uma
coordenação em todos os atores do turismo. O sucesso pode ser mais
capitalizado se tivermos todos coordenados, na venda, qualidade de
oferta e aposta em novos segmentos e mercados”, defendeu. O
responsável sublinhou ainda que o país tem sido cada vez mais vezes
palco de grandes eventos, assim como escolha de empresas como a Google e
a Amazon para instalar novos escritórios, movimentos que trazem “valor
acrescentado” ao país, num sucesso que é do turismo, mas “deve ser
partilhado por todos e com todos”. Argumentou
ainda que é preciso “reconhecer a importância dos recursos humanos e a
importância de cada trabalhador nos resultados da empresa”.“O
maior ativo para a captação são as pessoas. É algo que tem que ser a
principal imagem. A única forma de sermos mais competitivos é apostar
neste ativo”, justificou.No
ano passado, a região norte do país ultrapassou o número de dormidas
previstas para 2020, com cerca de 7,4 milhões, e já em janeiro deste ano
se registaram mais de 386 mil dormidas, o que revela um aumento de 9,2%
face ao mesmo mês de 2017, números sublinhados pelo presidente do
Turismo do Porto e Região Norte, Melchior Moreira. “O
turismo é um fenómeno altamente dinâmico que depende do comportamento
da conjuntura interna dos mercados, caracterizado, como em qualquer
economia, por ciclos de crescimento ou de quebra. Não podemos entender
os riscos do turismo pelos excessos de procura, mas também pelo défice
que pode resultar da diminuição dos níveis de consumo”, apontou.O
responsável deu o exemplo de Veneza para mostrar que não há destinos
sobrelotados em Portugal, visto que a cidade italiana com 55 mil
habitantes recebe, diariamente, 75 mil turistas, o que resulta em 28
milhões de visitantes anualmente, contra os estimados 23 milhões que
Portugal, continental e ilhas, recebeu em 2017. “Desta
forma, então não existe um risco de excesso de turismo. Pelo contrário,
existem oportunidades económicas que podem ser captadas por todo o
‘Arco do interior’ a partir de bolsas de captação e concentração de
procura turística (Lisboa e Porto), que hoje, de forma exagerada,
tememos estarem a atingir níveis de saturação”, referiu. Para
António Jorge Costa, presidente do Instituto de Planeamento e
Desenvolvimento de Turismo (IPDT), “o sucesso é notório à vista
desarmada”, mas é “importante ter presente que este crescimento não
resulta apenas de melhores desempenhos nos mercados nacionais, mas um
esforço crescente de dinamizar mercados”.“Passo
a passo Portugal está a fazer do turismo um setor líder. Hoje não é só
um desígnio nacional, mas uma estratégia nacional bem fundamentada. Este
sucesso não resulta pelo que de mal acontece nos destinos concorrentes.
Se não tivéssemos atratividade não teríamos interesse das companhias
‘low cost’ e dos ‘media’ internacionais”, asseverou. Segundo
dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados em 14 de
fevereiro, os estabelecimentos hoteleiros do país receberam 20,6 milhões
de hóspedes em 2017, o equivalente a 57,5 milhões de dormidas, levando a
aumentos anuais de 8,9% e 7,4% em comparação com o ano anterior.Foi o mercado externo que mais contribuiu para estes acréscimos, representando 72,4% das dormidas totais no ano passado.